Massagem pós-corrida é realmente boa?

Atualizado em 20 de dezembro de 2017

Há um bom motivo para os postos de massagens fazerem parte das principais provas de corrida de rua. As massagens ajudam a estender o esforço por mais algum tempo, já que diminui a tensão muscular e melhora a amplitude dos movimentos, ao mesmo tempo em que relaxa e serve como recompensa por todo o esforço e desgaste nos treinos e nas provas.

Quando feita de forma regular, ela pode, ainda, melhorar a recuperação pós-esforço, visto que expulsa a rigidez muscular, aquela que atrapalha a marcha e pode levar a problemas ao longo do tempo. Mas para que os resultados sejam percebidos, o indicado é aplicar mais pressão, com movimentos mais vagarosos, já que o objetivo da massagem pós-corrida é aliviar as dores e relaxar os músculos.

No entanto, apesar de sua popularidade e reputação positiva, não é verdade que os movimentos relaxantes conseguem eliminar o ácido lático da musculatura, um dos principais vilões de quem corre. Muitos corredores creditam a ele as dores pós-treino por acreditarem que seu excesso na musculatura faz com que os músculos fiquem mais doloridos. Na realidade, a dor é causada pelo exagero na intensidade, a qual causa o rompimento de microfibras musculares, que, aí sim, gera o acúmulo excessivo de ácido láctico nos músculos.

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Mas a massagem não é capaz de eliminá-lo. Professores das universidades norte-americanas de Auburn e de Ohio, e massoterapeutas de Boston analisaram amostras de músculos após um ciclo intenso de corrida e que depois sofreram dez minutos de massagem. O resultado? A dor diminui, mas o ácido lático continuou por lá.

Isso acontece porque, ao praticar qualquer atividade física, o organismo produz o ácido láctico independente da do seu nível de condicionamento físico. No entanto, dentro de 48 a 72 horas o próprio corpo elimina essa acidose, sem que a massagem possa acelerar esse processo.

Benefícios como relaxamento da musculatura, auxílio de lesões musculares e a sensação de bem-estar, realmente, são constatadas com a massagem, mas não a aceleração da remoção do ácido lático após a corrida.

Outros benefícios
Não precisa desistir da massagem apenas por descobrir que ela não elimina a acidose. A massagem pode, por exemplo, melhorar a performance das articulações, o que é uma ótima notícia para os corredores, que dependem delas e de músculos mais relaxados para ganhar performance. Isso acontece porque os movimentos de pressão feitos na musculatura amolecem o tecido e a as regiões tensas, melhorando o funcionamento do corpo.

Quer mais? A massagem pode atuar, ainda, na função imune e reduzir a inflamação do corpo, já que ela resulta no aumento do número de vários tipos de linfócitos (glóbulos brancos que desempenham papel fundamental no combate à infecção) e, ao mesmo tempo, diminui os níveis de cortisol (o “hormônio do estresse” ligado à inflamação crônica). Com os movimentos feitos durante a prática há, ainda, uma diminui da inflamação muscular em 30%, já que ela ajuda as células a construir mitocôndrias (os “motores” que geram energia para o corpo e facilitam a recuperação).

(Fonte: Patricia Mari Maruyama, terapeuta das Clínicas Luiza Sato – São Paulo)