Berlim: sangue nos olhos (e nos pés)

Atualizado em 04 de agosto de 2016

O queniano Eliud Kipchoe precisou enfrentar muito mais do que os 42 km da Maratona de Berlim e a expectativa de escrever mais recorde mundial na prova, que seria o 11º nos últimos 16 anos. O maratonista também precisou se arranjar com as palmilhas que teimaram em escorregar do tênis Nike a partir do quilômetro 16, para vencer a Maratona de Berlim. Mesmo com o problema inesperado e as bolhas e sangue nos pés, Kipchoe não parou e fez seu melhor tempo em maratonas: 2h04min, cinco segundos a menos do que quando disputou a prova em 2013, mas ainda insuficiente para quebrar o recorde mundial do compatriota Dennis Kimetto, que em 2014, venceu na capital alemã com o tempo de 2h02min57s.

Junto com a vitória na Maratona de Berlim, seu quinto título nos 42 km, Kipchoe confirma que é um dos melhores corredores da atualidade. O maratonista de 30 anos já havia faturado Londres em 2015 e Chicago, em 2014. Também subiram ao pódio o corredor do Quênia Eliud Kiptaniu, em segundo (2h05min21s) e o etíope Lelisa Liliesa (2h06min57s). Dos mais de 41 mil corredores que disputaram a 42ª edição da Maratona de Berlim, o melhor brasileiro foi o paulista Vagner Noronha, que chegou em 50º lugar, com o tempo de 2h20min16s.

Entre as mulheres, a queniana Gladys Cherono confirmou se favoritismo e foi a mais rápida, com o tempo de 2h19min25s, seguida das etíopes Aberu Kebede, que fez o tempo de 2h20min48s, e Meseret Hailu (2h24min33s).

A falha dos tênis da Nike

Esta não é a primeira vez que a Nike, a patrocinadora de Eluid, passa por uma situação curiosa em maratonas. Em 1997, o queniano John Kagwe precisou parar três vezes para amarrar os cadarços durante a Maratona de Nova York, vencida por ele, mas sem quebrar o recorde. Como forma de compensação, a empresa o presenteou com um bônus em dinheiro.

No caso do vencedor de 2015, a empresa admitiu que houve falha, mas não se pronunciou ainda se vai ou não dar uma bonificação extra a Kipchoe pelo incidente e transtorno. Já a organização da Maratona de Berlim, após o fato ter circulado mundo afora, solicitou ao atleta africano e seus representantes que as palmilhas passem a fazer parte do museu da maratona.