Loucuras de um grande ultramaratonista paranaense

Atualizado em 19 de abril de 2016
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O ultramaratonista paranaense Raphael Bonatto, de 29 anos, tem um sonho ambicioso – quer ser o primeiro atleta a completar em um mesmo ano, em 2010, três das mais desafiadoras ultramaratonas do mundo, a Brazil 135, a Badwater e a Arrowhead, nos Estados Unidos. Mas, antes dessas super provas, resolveu criar um desafio exclusivo para ele mesmo, que chamou de Desafio das Cataratas. Ele vai percorrer a distância entre Foz do Iguaçu e Curitiba e,  ao chegar na capital paranaense, vai se juntar aos corredores para disputar a Maratona de Curitiba, conforme contou em entrevista ao ativo.com.

Parece loucura, mas Raphael se define como um apaixonado por longas distâncias desde criança, um “Forrest Gump”. Contudo, entrou para o seletíssimo universo das ultramaratonas há pouco mais de 2 anos. Neste curto espaço espanta analisar o currículo esportivo de Raphael: a primeira ultramaratona foi em San Miguel del Monte, Argentina, em 2007, onde conquistou a 1ª colocação na categoria até 29 anos. Entre 2008 e até agora já participou de duas das três etapas da Copa do Mundo de Ultramaratonas, a Brazil 135 (2008 e 2009) e a famosa Badwater, nos Estados Unidos (2009). Não bastasse, ainda encarou a Comrades – África do Sul (2008 e 2009), a Ultramaratona 24 horas de Curitiba e a Volta a Ilha, em Santa Catarina (2008 e 2009).

Mesmo tendo participado das grandes provas da modalidade, como as míticas Comrades e a Badwater, Raphael ainda achou que precisava de um desafio extra. “Como eu consegui fazer todas essas provas difíceis eu achei que precisava de um desafio novo e aí resolvi criar um para mim”, brinca. “Pior que o deserto americano e a serra da Mantiqueira aqui [referindo-se ao percurso de 217 km da Brazil 135, em Minas Gerais] não sei se tem, então achei que dava conta”.

Mas o por quê de um prova entre Foz do Iguaçu e Curitiba? Aliás, o atleta ainda sequer conhece a turística cidade paranaense e nem suas famosas cataratas. “Em outubro vou para lá para fazer uma análise do percurso”, avisa. Mas de volta às razões…segundo Raphael, na infância ele às vezes decidia fugir de casa e seguia em direção às placas indicativas para Foz do Iguaçu, que ele não sabia o que era. “Eu não esqueço disso, e sempre me imaginei correndo até Foz do Iguaçu”, conta.

O percurso, entretanto, terá início em frente às cataratas, no dia 14 de novembro, com chegada em Campo Largo, região metropolitana de Curitiba, no dia 21 de novembro, para participar no dia 22 da Maratona de Curitiba, que ele já completou seis vezes, totalizando quase 700 km, cerca de 100 km por dia de corrida.     

O treinamento tem sido duro, mas como trabalha como professor de corrida da Companhia Athletica de Curitiba, Raphael tem conhecimento suficiente para cuidar do seu preparo e também conta com patrocinadores para sua jornada. “São cerca de 20 km por dia durante a semana, e no final de semana faço treinos longos, de 70 km e mais treinos de musculação e bicicleta”.

Para entrar para história – Enquanto se prepara para o seu Desafio das Cataratas, Raphael, entretanto, não deixa de pensar por um instante no seu outro grande objetivo, ser o primeiro atleta a completar em um mesmo ano três ultramaratonas do campeonato mundial. A primeira delas é a Brazil 135, de 23 a 25 de janeiro, e apenas 8 dias depois, Rafael disse que vai para os Estados Unidos para participar da Arrowhead, a “ultramaratona no gelo” disputada no rigoso inverno de Minnesota. E do gelo para temperaturas de até 55ºC. Em julho é a vez de retornar à Badwater, desta vez com o duro percurso pelo deserto da Califórnia, o Death Valley. A diversão não é para amadores. Para participar dessas provas, somente com “análise de currículo”.

Este ano, Raphael completou a Badwater em 45 horas e 23 minutos, o que lhe rendeu a conquista do “Buckle”, uma fivela de reconhecimento para os atletas que finalizam a prova abaixo de 48 horas.

Porém, o desafio não acaba por aí, em novembro, Raphael quer fazer como Dean Karnazes, que percorreu os 50 estados norte-americanos em 50 dias. “Quero fazer a mesma coisa que ele, mas aqui no Brasil”, revela.