Geoffrey Mutai: de frente com um mito

Atualizado em 08 de agosto de 2016
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Ídolos, quase todos os esportes têm. Porém, encontrar com um Pelé ou um Michael Jordan não é tão simples. Por isso, eu tive que ir à coletiva de imprensa do fundista Geoffrey Mutai. Afinal, não é todo dia que se encontra um cara capaz de correr 42.195 metros em duas horas, três minutos e dois segundos, o melhor tempo da história das maratonas, que ele cravou na tradicional corrida de Boston, em 2011 – ainda que não seja considerado pela Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês), já que o percurso da prova é peculiar, cheio de descidas, ventos traseiros e é uma corrida ponto-a-ponto, o que a deixa fora dos registros da entidade máxima do esporte.

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O queniano é tímido, de poucas palavras, mas muito simpático e atencioso com todos os repórteres presentes no hotel onde o evento foi realizado, em São Paulo. Chegou à sala reservada para a coletiva, sentou-se e conversou com os jornalistas por cerca de uma hora – tempo que o fundista pretende superar na Meia-Maratona do Rio, motivo pelo qual ela está no Brasil pela primeira vez.

Já havia tido um breve contato com ele ontem (14), quando acompanhei o competente trabalho do fotógrafo Ricardo Soares e da produtora Carol Medeiros, na foto que ilustrará a reportagem, escrita por Rodolfo Lucena, para a edição de setembro de O2. Mas foi tudo muito rápido, só me apresentei e não tive a chance de fazer alguma pergunta, já que estava focado em fazer imagens dele para o vídeo – que logo estará no O2 por Minuto.

Hoje (15), tudo foi diferente. Ainda tinha que me preocupar com as imagens de Mutai, mas estava livre para perguntar. Montei a câmera no tripé, apertei o rec e pronto. Escutei, atento – já que sua voz é muito baixa e seu inglês é difícil de entender – às suas breves respostas.

“Pretendo ter um bom desempenho na Meia-Maratona do Rio”, respondeu, sucinto. Foi colocado na parede, quando perguntado por que não estava no Mundial de Atletismo de Moscou, na Rússia. “No meu país, há uma seletiva e eu não fui selecionado, além disso, havia sido convidado para correr no Brasil e estou feliz de estar aqui”, disse, sem demonstrar arrependimento.

Sua rotina de treinos para uma competição é assustadora quando vista por um corredor amador. Por semana, ele percorre entre 180 e 200 quilômetros! Isso representa um tênis novo a cada duas ou três semanas – dependendo do tempo de duração do calçado. Nos tempos livres – que não são muitos, já que ele corre de segunda a sábado –, Mutai garante ser caseiro. “Fico com a minha família, assisto a filmes”, afirmou.

Perguntei se tinha algum ritual no dia da prova. Adivinhem a resposta. “Não faço nada especial no dia da corrida.” É a simplicidade em forma de fundista. Curto, mas não grosso. O cara parece só pensar em melhorar o seu tempo cada vez mais.

Com o fim da coletiva, não resisti. Aliás, poucos foram os jornalistas que resistiram. Entrei na fila, pedi um autógrafo e tirei uma foto com Mutai. Afinal, não é todo dia que encontramos uma lenda por aí.

Muito simpático, Mutai atendeu ao meu pedido e tirou uma foto – Foto: Arquivo pessoal

Ainda nesta quinta-feira (15), a partir das 19h30, o queniano estará na loja da adidas – sua patrocinadora – no bairro Jardins (R. Oscar Freire, 1057) para um bate papo com os fãs. Se você é corredor, não perca a chance de encontrar com esse mito do esporte. A oportunidade é única.

Amanhã (16), bem cedinho, Mutai vai ao Parque do Ibirapuera correr com o treinador Marcos Paulo Reis e seus alunos, antes de se despedir da Terra da Garoa rumo à Cidade Maravilhosa.