Haile Gebrselassie: 27 recordes mundiais e conta bilionária

Atualizado em 03 de outubro de 2017
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O dia 30 de setembro de 2007 não sai da memória de Haile Gebrselassie. Há dez anos, ao correr 42.195 km em 2h04min26s, ele estabelecia na Maratona de Berlim o que até então seria o recorde mundial da distância. O feito na capital alemã foi o 23º dos 27 recordes quebrados pelo corredor etíope – seis nos 5.000 metros, três nos 10.000 metros e dois em maratonas. Aposentado definitivamente desde 2015, a lenda do esporte etíope viu sua vida mudar radicalmente de uma década para cá. 

A melhor marca na maratona não pertence mais a ele, mas, sim, ao queniano Dennis Kimetto, que, em 2014, finalizou a mesma Maratona de Berlim em 2h02min57s. Sobram razões, entretanto, para Gebrselassie se orgulhar atualmente. Ele transformou-se em um dos maiores empresários da Etiópia, atuando em ramos como hotelaria, mineração e plantação de café. Sua fortuna é avaliada em 500 milhões de euros (cerca de R$ 1.8 bilhão). 

Seus negócios são controlados a partir da capital da Etiópia, Addis Abeba. Um dos principais empreendimentos do ex-atleta, entretanto, está a 270 km da capital: um hotel cinco estrelas que leva o seu nome, o Haile Resort. O complexo conta com piscinas, ginásios, campo de golfe, áreas para montar a cavalo e, claro, uma pista de corrida. O local abriga ainda a segunda maior discoteca do país.

Gebrselassie possui ainda um cinema, uma imobiliária e obteve a permissão para importar carros da Hyundai para seu país. Paralelamente, cultiva café em uma área de 500 hectares – o produto é exportado posteriormente – e trabalha na extração de ouro.

Com influência em tantos segmentos, a lenda do atletismo emprega mais de mil pessoas. Seu prestígio na Etiópia o levou a ser conhecido ainda nos tempos em que competia como “o pequeno imperador”, uma referência a Haile Selassie, que governou o país entre 1930 e 1974.

O ex-atleta até cogita seguir os passos do imperador e pretende transformar os rumos de sua nação.  Caso confirme o desejo de se candidatar à presidência, já definiu os principais objetivos: “Acabar com a pobreza e melhorar muito a educação”.

 

 

Confira episódios marcantes da carreira de Gebrselassie:

A revolta de um adversário derrotado

Na final dos 10.000 metros do Mundial de Atletismo Júnior de 1992, em Seul, uma arrancada de Gebrselassie desestabilizou emocionalmente o queniano Josephat Machuka, que liderava a prova até os instantes finais. Assim que percebeu que havia sido ultrapassado e não teria como recuperar a liderança, o adversário acertou um soco pelas costas do etíope.

“Ele ficou um pouco ofendido porque ficou na minha frente por 25 voltas e eu só fui ultrapassá-lo nos últimos metros. Mas não me abalei. Algo como aquilo não iria me assustar – não para um cara que vim de onde vim. Aquele soco foi só uma força extra”, brincou, em entrevista concedida à TV Globo no ano passado.

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Cadernos e livros embaixo do braço

Em sua infância pobre na Etiópia, Gebrselassie corria diariamente 10 km até sua escola e carregava seus cadernos e livros embaixo do braço direito. O hábito de levar o material escolar junto ao corpo fez com que o corredor, mesmo na fase adulta, seguisse com o braço direito mais próximo ao peito. Essa característica de sua biomecânica, entretanto, nunca foi apontada como um fator que atrapalhava seu desempenho.

Medalha de ouro em disputa épica

Um dos grandes momentos da carreira de Gebrselassie aconteceu na Olimpíada de Sydney, em 2000. Na final dos 10.000 metros, ele levou a melhor sobre o queniano Paul Tergat em uma das disputas mais épicas da história do atletismo de pista. O etíope “correu como nunca”, como afirma em suas entrevistas, e viu sua explosão ser premiada com uma medalha de ouro.