Fonteles fala sobre participação no Mundial

Atualizado em 08 de agosto de 2016
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Por Olavo Guerra

O brasileiro Alan Fonteles chegou, na última segunda-feira (29), ao Brasil e hoje (30) concedeu uma entrevista coletiva no Centro de Treinamentos BM&F, em São Caetano do Sul, na região metropolitana de São Paulo. Ele falou por cerca de 30 minutos aos jornalistas sobre o Mundial Paralímpico de Lyon, na França, onde venceu três medalhas de ouro – nas provas dos 100 m200 m e 400 m – e sobre as quebras de recorde do 200 m, ainda no Mundial, e dos 100 m, no dia do aniversário de Londres, na Inglaterra.

“Eu procuro sempre estar melhorando meus tempos na pista”, disse o atleta biamputado. “No ano que vem, não haverá grandes competições. Serão seis etapas do Open pelo mundo e uma delas aqui em São Paulo. Vou me preparar para esses desafios”, respondeu Fonteles sobre suas próximas metas.

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Ele espera melhorar ainda mais na prova dos 400 m, onde mesmo sem treinamento, faturou o ouro. “Na olimpíada do ano passado, eu fiquei em quarto nessa prova”, lembrou o brasileiro, mostrando sua evolução. Naquela oportunidade, seu tempo foi de 51s59. No Mundial, o tempo diminuiu para 48s58, mais de três segundos de diferença.

Sua evolução nos 100 m em relação ao tempo que fez nos Jogos Olímpicos de Londres também foi significativo. Ano passado, ele cruzou a linha de chegada na sétima colocação, com o tempo de 11s33. No último domingo (28), aniversário de Londres, o brasileiro correu – no mesmo Estádio Olímpico onde desbancou o sul-africano Oscar Pistorius no ano passado, na corrida de 200 m – a prova em 10s57, cravando o recorde mundial. “Minha meta é continuar a melhorar os tempos e meu rendimento em todas as provas”.

Apesar de todos os recordes e medalhas, o paraense de Ananindeua é humilde. “Eu deixo as coisas acontecerem. Na Alemanha, me perguntaram se eu ia bater o recorde mundial. Eu disse ‘vou deixar acontecer’. Chegou na Alemanha, eu bati o recorde”, contou o paratleta.

Ele também falou de suas próteses que, no passado, foram contestadas pelo, então, imbatível, Pistorius. “Quem corre sou eu, não as próteses. É a mesma coisa que colocar qualquer um para pilotar um carro de fórmula 1”, disse. “Eu tento, a cada treino, aprender mais sobre minhas próteses para que meu desempenho não pare de melhorar”.

Apesar de dizer que não quer disputar uma olimpíada, Fonteles revelou um desejo. “Gostaria de competir em um Troféu Brasil de Atletismo. Foi lá que eu vi o Robson Caetano correr pela primeira vez”, afirmou o corredor da categoria T44. “Além disso, tenho muitos amigos no atletismo convencional e seria muito legal correr com eles”, completou.

Para o futuro, após a aposentadoria, o paraense gostaria de abrir uma instituição e ajudar crianças carentes por meio do esporte. “Também tenho muita vontade de ser treinador. Não só do paratletismo, mas do convencional também”, confessou.

O atleta sairá de férias agora, por 20 dias. Depois, volta aos treinos em São Caetano. Ele garante que já estudou os vídeos das provas que competiu no mundial para ver o que errou e, ao lado do seu técnico, corrigir para melhorar.