Calor pode matar nas corridas longas?

Atualizado em 20 de dezembro de 2017

Muito se fala sobre a relação entre corrida e mortes por ataques cardíacos. Basta um acidente acontecer em uma prova de grande porte para que as diversas opiniões sobre o assunto voltem a pipocar na rede e nas conversas entre amigos. Mas um recente estudo, dessa vez da Universidade de Tel Aviv, em Israel, diz que essa situação não é verdadeira. Segundo os resultados da pesquisa, o calor tem mais chances de causar mortes em corredores que ataques de coração.

Os cientistas analisaram os riscos ao qual o corpo é submetido devido ao esforço prolongado. Participaram da pesquisa atletas de resistência, que correm provas a partir de 10 km, os quais mostraram dez vezes mais probabilidade de sofrerem distúrbios provocados pelo calor quando comparados a outro tipo de corredores. Isso porque, ainda de acordo com os resultados obtidos, não são os problemas cardíacos as principais causas de mortes ou internações por parte dos corredores. O verdadeiro vilão nessa história é o calor.

Correr nos dias mais quentes faz com que o seu organismo sofra ataques severos. Isso significa que, durante os 42 km por exemplo, em dias escaldantes, pode haver uma alteração na região do cérebro que controla a temperatura corporal, elevando-a de forma anormal. Esse distúrbio provoca parada cardíaca, que pode levar à morte, assim como outras consequências, como falência dos rins e de outros órgãos.

As conclusões se deram com o acompanhamento de 14 corridas de longa distância realizadas na capital de Israel entre março de 2007 e novembro de 2013. Dos quase 140 mil corredores envolvidos nas provas, apenas dois foram internados ou atendidos por causa de problemas cardíacos, enquanto 21 corredores sofreram com o golpe de calor. Dentre eles, dois morreram e 12 tiveram de ser internadas em estado grave.

Não precisa se alarmar

A relação entre corrida e ataque cardíaco é mais alarde do que realidade. O cardiologista Claudio Gil Araújo, em entrevista ao jornalista Iúri Totti na coluna Pulso do jornal O Globo, avaliou o caso como o de menor probabilidade do que qualquer outro acidente fatal. Ele defende que o risco é inerente e sempre presente. As chances de um corredor morrer em uma maratona vítima de problema de saúde, segundo o doutor, é a mesma ao sair do seu apartamento e pegar um elevador e ele desabar ou algo cair sobre a sua cabeça da varanda do 10º andar logo que você sai de casa.

Dados dão conta de que acontece uma morte para cada 100 mil pessoas que participam de corridas de rua. Por isso, não precisa ficar preocupado nem pensar em abandonar o esporte. Se você cuidar da saúde da forma correta, fizer os treinos como previsto e não descuidar da alimentação as chances de acontecer algo de ruim é muito pequena.