Aquecimento global desacelera corredores

Atualizado em 20 de abril de 2016
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Os corredores sempre sofreram com altas temperaturas e várias histórias de atletas que passaram mal durante e após as provas são conhecidas. Mas a questão tende a ficar mais delicada com o passar dos anos. Pesquisadores da Universidade de Boston afirmam que os efeitos das mudanças climáticas irão interferir diretamente nos tempos dos maratonistas.

Para levantar esta tese, os cientistas analisaram dados de 1933 a 2004 da Maratona de Boston, uma das mais antigas do mundo, para determinar os efeitos do aquecimento global sobre os tempos de corredores que venceram a prova.

De acordo com o estudo, se o aquecimento global continuar na crescente de 0.058°C ao ano, as chances do mundo do esporte presenciar uma desaceleração consistente no tempo de vitória da maratona até 2100 são de 95%.

As conclusões da pesquisa podem ser perceptíveis até para aqueles que não possuem tantos dotes científicos. No ano passado, a disputa da Maratona de Boston foi a segunda mais lenta desde 1985. A temperatura chegou aos 28°C, agindo diretamente no desempenho dos atletas. A maratona acabou sendo vencida pelo queniano Wesley Korir, com o tempo de 2h12min40, quase dez minutos a mais que o atual recorde da prova.

Essa é a primeira vez que se relaciona o desempenho dos atletas ao aquecimento global. Antes, apenas pesquisas sobre performances no calor eram conhecidas. “Nós descobrimos que temperaturas altas e ventos contrários no dia da corrida retarda o tempo de vitória”, afirmou Richard Primack, um dos autores do estudo, em comunicado.

O pesquisador, no entanto, lembra que as condições climáticas durante uma prova podem variar bastante, influindo nos resultados. “O potencial das altas temperaturas de influenciar o tempo dos maratonistas depende da magnitude do aquecimento e da variação diária da temperatura. Se elas não aumentam no dia da corrida, os efeitos do aquecimento global podem não ser detectáveis”, informou.