Quando mais novo, Eduardo Zuim Vargas, 32, costumava correr. As circunstâncias do trabalho como mecânico de manutenção, em São Bernardo do Campo (SP), o fizeram largar o esporte e adotar uma vida sedentária. Ele atingiu seu auge no Natal de 2012. “Aos 30 anos, com 121 kg, tive uma crise de hipertensão causada por minha má alimentação, a falta de atividades físicas e o estresse do final de ano no trabalho”, conta. Conclusão: “estraguei a festa de toda a família”. Essa foi a gota d’água para que Vargas voltasse ao esporte e, com a ajuda dele, eliminasse 20 kg – até agora, pois a meta é maior. “Na virada daquele ano, prometi para a minha família que iria emagrecer para não dar outro susto em mais ninguém”, diz o mecânico.

Vargas nunca gostou de academia. “Nunca fui fã, mas sempre apreciei correr e andar de bicicleta na rua”. Para recomeçar sua trajetória na corrida, ele utilizou uma planilha e perda de peso da Revista O2. “Num sábado de manhã, deixei minha esposa no trabalho e fui fazer meu treino na rua, mais precisamente na Av. Barão de Mauá, na minha cidade”, lembra. Lá, há uma pista exclusiva para corredores. “Estava alongando e notei que havia uma tenda de uma assessoria esportiva. Parei e fui pedir informações.”

O mecânico foi convidado para correr com a equipe no fim de semana seguinte. “Treinei com eles e achei aquilo muito motivante e percebi que poderia alcançar meus objetivos com a ajuda desses profissionais.”

A alimentação de Vargas era um outro grande problema. “Eu era um cara que, como todo bom ‘gordinho’, gostava de comer de tudo e muito”, brinca. “Não me preocupava em balancear as refeições e adorava um doce, parecia uma formiga”.

Antes de começar a treinar com a assessoria, ele fez um check-up médico completo. “Depois, procurei uma nutricionista para regular a minha alimentação”. De acordo com Vargas, “esse foi o trabalho mais difícil.”

O objetivo de Vargas era chegar aos 90 kg. “Estava muito determinado. Seguia a planilha de treinamento, estava me reeducando na alimentação e, aos poucos, os resultados estavam aparecendo”. No primeiro mês, 3,5 kg deram adeus. “Isso me animou a seguir em frente”, afirma. Mês após mês, o mecânico eliminava, em média, 2 kg.

Uma ajuda tecnológica foi fundamental. “Usava o celular como despertador. A cada três horas, ele tocava para me lembrar da hora certa de comer”. Sua mochila, como ele mesmo descreve, “parecia uma quitanda, de tantas frutas.”

Mesmo sem ser seu local preferido, entrou para a academia, visando o fortalecimento dos músculos exigidos durante a corrida. Nesse período, ele voltou a fazer provas de rua. “Estava me sentindo bem, ainda que acima do peso.”

Quando estava 10 kg mais magro, resolveu encarar um outro esporte: o duathlon. “A partir daquela prova, que fiz em 1h31, meus objetivos começaram a mudar”, garante o corredor.

Ele começou a focar seu treinamento para encarar os 21 km de uma meia-maratona. “Uma semana antes da prova, porém, tive uma crise de sinusite e adiei meu sonho”. A frustração foi grande, mas ele continuava firme. “Nas provas curtas, estava baixando cada vez mais meus tempos. Em agosto de 2013, fiz os 5 km em 26m43s”, revela. No mês seguinte, seu peso já estava em 106 kg. “Fiz mais uma etapa do duathlon e diminui meu tempo em cinco minutos.”

Por motivos pessoais, ficou com o tempo curto para treinar. “Comecei a correr de madrugada, após o trabalho, todos os dias, um percurso de 4 km. Eu não podia parar e perder tudo o que eu já havia conquistado”, reitera. Esses treinos noturnos garantiram que ele atingisse os 101 kg – 20 kg a menos do que no começo de 2013.

Em 2014, o objetivo é atingir os 90 kg e mais. “Estou treinando muito forte para fazer o meu primeiro triathlon e, quem sabe daqui a algum tempo, completar um IronMan?”, vislumbra.

Nas festas do fim de 2013, as pessoas perguntavam para Vargas como ele tinha emagrecido, que remédio estava tomando. Ele respondia. “Pega papel e caneta e anota aí: vergonha na cara!”

Para o mecânico, “a vida é feita de escolhas. Optei por cuidar da minha saúde e sei que posso melhorar ainda mais”, explica. “Também não foi nada fácil mudar a alimentação e adotar essa nova rotina, mas a minha determinação em perder peso falava mais alto.”