Marchar x correr: as particularidades da corrida

Atualizado em 23 de janeiro de 2024

A corrida pode ser considerada uma variação da marcha. Sendo assim, podemos descrevê-la como “um movimento cíclico das fases de contato e oscilação sucessivamente”. Dentre as diferenças básicas destas duas modalidades, destacam-se a velocidade – significativamente maior ao correr – e a fase de duplo apoio, que só ocorre durante a caminhada – e que provavelmente é o principal indicador para distingui-los.

A corrida

A modalidade compõe-se das seguintes fases:

  • Contato inicial (footstrike);
  • Médio apoio (midsupport);
  • Desprendimento (toe-off);
  • Oscilação (swing);
  • Desaceleração (desaceleration).

A magnitude da força vertical pode atingir de duas a quatro vezes o peso corporal para corridas recreativas e de velocidade, respectivamente, sendo esta absorvida pela extremidade inferior (pé, perna, coxa, pelve e coluna).

Na corrida existe um aumento na força de reação do solo tornando o aparelho locomotor mais exposto à sobrecarga mecânica durante a corrida quando comparado à marcha, pois há entre 800 e 2000 contatos com o solo por milha, além do aumento na magnitude da força a partir da diminuição do tempo de apoio – ou seja, exposição à lesões.

O segredo: a importância do tronco na corrida

Como falado antes, a magnitude vertical é absorvida pela extremidade inferior (pé, perna, coxa, pelve e coluna), mas esquecemos muitas vezes do tronco na corrida. Tanto na marcha quanto na corrida, o tronco realiza uma flexão lateral para o mesmo lado do membro que entra em contato com o solo, sendo que na corrida há uma amplitude de movimento maior. A diferença é que durante a fase de contato inicial na marcha o tronco é estendido, enquanto que na corrida em velocidades mais rápidas o tronco é fletido.

Na fase de contato inicial há ativação dos músculos longuíssimos e multifidus. Esta atividade muscular pode iniciar justamente antes da fase de contato, geralmente ocorrendo a contração do outro lado para controlar a inclinação do tronco. Segue-se uma contração da musculatura eretora da coluna contralateral, de modo que uma contração associada de ambos os lados ocorra. Já a atividade dos eretores da coluna coincide com a atividade extensora do quadril, joelho e tornozelo.

Resumidamente: a musculatura lombar serve para restringir o movimento pelo controle da flexão lateral e para a flexão do tronco. A musculatura cervical serve para manter a cabeça na posição ereta sobre o tronco e não é tão ativada como outras na coluna durante a corrida.