Você conhece o esporte Rally a Pé?

Atualizado em 27 de abril de 2016
Mais em Notícias

Ele é um esporte realtivamente novo, surgido timidamente no final dos anos 80, e é apresentado como criação brasileira. Seu nome: Rally a Pé. Geralmente é confundido com Trekking, mas os praticamentes e organizadores das provas da modalidade explicam que o esporte tem um conceito muito específico – é uma “caminhada”, mas dentro de um jogo estratégico, e no qual o mais importante é a comunicação e as relações interpessoais.  

“O Rally a Pé por ter sido uma criação Brasileira, apesar de existirem relatos de provas em outros países, teve sua história afunilada a partir da chegada dos computadores ao Brasil, por volta de 1989 e um aperfeiçoamento dos torneios por volta de 1993 a 1994 com campeonatos mais amplos”, diz Bêni Becker, um dos criadores do esporte e presidente da Confederação Brasileira de Rally a Pé. Apaixonado por aventuras e praticamente de Rally de carro, Bêni organizou em 1989 alguns torneios de Rally a Pé entre os amigos, que criaram regras e formatos específicos para o esporte. Começava assim a jornada do esporte que conta atualmente com cerca de 10 mil praticantes no Brasil. 

Bêni explica que o Trekking remete a uma caminha pura, mesmo que seja com obstáculos, mas sem as regras de um jogo de estratégia como é no Rally a Pé. Por conta de registros de nomes, possível quando os esportes não possuem regulamentação própria do governo, as mesmas regras também podem aparecer com o nome de Enduro a Pé. Tudo depende de quem organiza as provas.

“Mundialmente, Trekking é conhecido como um esporte de não competição, e a tradução é caminhada. Rally, por exemplo, quer dizer confraternização, integração, e anos atrás foi elaborado um jogo para que no final as pessoas usassem a temática deste jogo trabalhando suas relações interpessoais e intrapessoais. Esse jogo pode ser atribuido a qualquer coisa que se mexe, carro, barco, bike, moto, e a Pé, no caso o Rally a Pé. Claro que como o jogo deve ser aplicado a qualquer pessoa independentemente de condição física, na questão a pé, as velocidades impostas são velocidades de caminhada e quanto mais difícil o obstáculo, mais baixa a velocidade, mas é uma competição, se trabalha diversos conceitos de crescimento pessoal, trabalho em equipe, comunicação, cálculos, em fim, não é um trekking”, diz Bêni.

O Rally a Pé, portanto, pode ser resumido como um esporte de caminhada ecológica e pedagógica, praticado por equipes de 3 a 6 pessoas, nas quais os participantes têm como objetivo manter-se na velocidade média de caminhada estipulada em planilha, vencendo obstáculos naturais e técnicos, desde terrenos variados, água, mato, até cálculos e bússola, em um jogo de estratégia.

As equipes não largam juntas, mas com diferença de dois minutos ou conforme o tempo estipulado pelo diretor de prova. Durante o percurso passam por postos de cronometragem que as equipes não sabem onde estão e, para cada segundo de atraso da equipe, ela perde um ponto e a cada segundo adiantado perde dois pontos. Os guias são os símbolos contidos nas planilhas recebidas antes das provas. No meio da caminhada com velocidade controlada há ainda obstáculos, como rios.

As provas costumam ter em média de 5 a 15 km. Não é exigido muito de um praticante de Rally a Pé, basta gostar de andar e de ter contato com a natureza, “e não ter frescura de pisar na lama e andar com água até o joelho”, acrescenta Bêni. Ainda há uma outra submodalidade, o Rally a Pé de Velocidade, no qual a planilha e a navegação é semelhante, mas o tempo de largada entre uma equipe e outra é maior devido a velocidade e deve-se cumprir o trajeto no menor tempo possível, seguindo as regras da competição.