Técnica de pedalada durante competição

Atualizado em 14 de março de 2018
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Encontramos muitos textos na internet com dicas valiosas de como pedalar, no entanto, o embasamento científico para suportar as dicas por vezes é falho, e isso não por demérito de quem escreve, mas sim porque o embasamento científico ainda é restrito neste campo.

Há algum tempo, publicamos um artigo na Revista Brasileira de Educação Física e Esporte (volume 19, número 2, páginas 105-113), onde o nosso objetivo foi analisar o comportamento das forças aplicadas no pedal durante uma prova de ciclismo 40 km contra-relógio simulada em laboratório.

Avaliou-se um triatleta de nível internacional em uma bicicleta modelo estrada acoplada a um ciclossimulador Cateye. O protocolo consistiu em completar 40 km no menor tempo possível, utilizando estratégia de livre escolha, incluindo cadência e relação de marchas preferida, realmente como em uma competição.

Durante a prova simulada observou-se um aumento do esforço do triatleta a partir da análise do comportamento do consumo de oxigênio e da frequência cardíaca, bem como pelo aumento da potência e da velocidade, o que já é esperado. Naquele momento, avaliamos o total da força aplicada ao pedal e a quantidade dessa força que realmente foi transmitida ao movimento (sabendo-se que um percentual de força é desperdiçado durante a pedalada).

A magnitude da força gerada diminuiu ao longo da prova (uma resposta à instalação de fadiga), mas o percentual de força realmente transmitida ao movimento aumentou, principalmente durante a fase de recuperação da pedalada, o que foi uma surpresa. Enquanto se esperava que a técnica piorasse com a fadiga, vimos o contrário acontecer.

Provavelmente o triatleta melhorou sua técnica de pedalada ao longo do teste na tentativa de otimizar o aproveitamento da força gerada. A estratégia adotada pelo triatleta parece ter contribuído para aumentar a efetividade da pedalada e conseguir aumentar a potência no final da prova.

Dessa forma, esse estudo mostrou que o atleta tem capacidade de manter, e melhorar, sua técnica de pedalada mesmo em situações de alta intensidade e fadiga, o que nos leva a crer ainda mais que muitas vezes o que importa não é o quão forte você é, mas sim o quanto você consegue usar a força que produz da melhor forma. Temos com isso a certeza da importância do treinamento da técnica de pedalada para o desempenho no ciclismo.