Murilo Fischer: orgulho do país no Tour de France

Atualizado em 28 de abril de 2016
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Por Daniel Balsa

Murilo Fischer entrou no Tour de France 2007 com o objetivo de repetir os feitos de Mauro Ribeiro, que, em 1991, foi o primeiro brasileiro a terminar a prova francesa e a ganhar uma etapa na competição.

Destas metas, a primeira foi alcançada, já a segunda faltou pouco. Na 11ª etapa do Tour de France, Fischer terminou na terceira colocação, superado pelo sul-africano Robert Hunter (Barloworld) e pelo suíço Fabian Cancellara (CSC) no sprint final.

Apesar de não ter conquistado a tão sonhada vitória, o ciclista brasileiro, em entrevista ao Prólogo, aprovou seu desempenho na competição, mas avisa: “Não estou na Liquigas para fazer número. Estou aqui para vencer.”

Agora, ele se prepara para o Mundial de Estrada, que está marcado para o final de setembro, na cidade alemã de Stuttgart, e revela detalhes de seu planejamento para alcançar um bom resultado na competição.

Prólogo: Murilo, você conseguiu repetir um feito que só o Mauro Ribeiro em 1991 havia conseguido, que foi terminar o Tour de France. Como você analisa o seu desempenho na prova francesa?
Murilo Fischer:
Bom, fui para lá com a intenção de ganhar uma etapa. Este era meu objetivo principal. Claro que, no meu caso, vencer no geral era impossível, então minha meta ficou em faturar uma corrida. Consegui chegar em terceiro, em décimo e até brigar em algumas etapas que eram mais ou menos para mim. Apesar de não ter conquistado o que eu queria, meu desempenho foi bom. Este foi apenas meu primeiro Tour, e terminá-lo, para mim, nesse meu ‘pequeno mundo’, já foi uma vitória.

Prólogo: O Tour de France é uma prova muito dura de disputar. Chegou a pensar que não fosse chegar em Paris?
MF:
Nunca pensei em desistir, em momento algum. Mas a última etapa de montanha (a 16ª da competição, entre Orthez Gourette e Aubisque, com 218 km) foi muito desgastante. Sofri muito. No começo, tive de trabalhar para o (espanhol Manuel) Beltrán (que iniciava uma fuga) e foi um esforço feito quando ainda faltavam 160 quilômetros. Não cogitei desistir do Tour, mas sofri demais nesta prova.

Prólogo: Seu desempenho nesta prova abre portas para os brasileiros no ciclismo europeu?
MF:
O ciclismo está melhorando, mas o que eu fiz não importa muito, neste caso. Se tivesse ganho alguma etapa, ai sim, melhoraria. Estaria bem-cotado no mercado, mais reconhecido pelas equipes. Seria bom para o ciclismo nacional, não apenas para mim.

Prólogo: E como é morar fora do Brasil? É difícil?
MF:
Morar longe de casa é uma coisa, mas morar muito longe é outra completamente diferente. O que compensa todas as desvantagens de viver distante do Brasil é que vivo em Treviso, na Itália, uma cidade que vive também do ciclismo. Ainda faço o que eu gosto, estou em uma equipe legal e isto ajuda a diminuir esta distância.

Prólogo: Agora, em setembro, você terá o Mundial pela frente. Quais suas perspectivas?
MF:
Ainda não vi o percurso. Já me falaram que é um traçado bom, outros disseram que o percurso é duro. Sei que vai ser mais seletivo do que foi em Madri (em 2005, quando Murilo foi quinto colocado) e Salzburgo (2006). Minha meta é ter um bom resultado na competição. Vou disputar a Clássica de Hamburgo neste domingo (dia 19 de agosto), depois o Grande Prêmio de Plouay, na França, e ainda tem a Volta da Polônia antes do Mundial. Acho que é uma boa preparação para esta prova.

Prólogo: Você tem contrato com a Liquigas até o final de 2008. Como projeta seu futuro até lá? Já pensa, até, no Tour de France do ano que vem?
MF:
Esse ano ainda não ganhei nenhuma corrida e não estou na Liquigas para só fazer número, estou aqui para vencer. Quero fazer um bom final de temporada, ter um bom resultado no Mundial, com disse anteriormente, para pensar em 2008. O programa para o ano que vem deve ser bem parecido com o desse, mas quero me preparar melhor e me ater a detalhes que passaram desapercebidos nesta temporada. Ano que vem quero ganhar provas no começo, principalmente as Clássicas, que são as minhas provas favoritas. Depois, vou me preparar melhor para ir bem na Paris-Roubaix e no Tour de France, que é um prova que te desgasta muito. Esta é uma competição que você precisa de um descanso maior após terminar a competição, o que não tive neste ano, já que na outra semana eu corri a (Clássica) San Sebastián.