Basso nega, Ullrich se choca e Mancebo aposenta

Atualizado em 28 de abril de 2016
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POR LEANDRO BITTAR

O anúncio do Tour de France de suspender os atletas que tiveram seus nomes relacionados com o escândalo de doping espanhol teve conseqüências diferentes nos principais ciclistas afastados. O espanhol Francisco Mancebo (Ag2r), o italiano Ivan Basso (CSC), o alemão Jan Ullrich (T-Mobile) e o cazaque Alexandre Vinokourov (Astaná-Wurth) vivem emoções diferentes enquanto fazem o caminho de volta para casa.

“Não fiz nada, os advogados falarão por mim”, afirmou o italiano Ivan Basso quando deixava o hotel onde a sua equipe se concentrava, em Estrasburgo, na França. “A suspensão de Basso é uma decisão minha”, diz o diretor da CSC, Bjarne Riiss. “Eu tenho que pensar no time. Isso é o mais importante. Eu confio no Ivan, mas eu sei que ele precisa se concentrar em provar sua inocência e isso atrapalharia seu desempenho”, conclui Riis.

O diretor esportivo da Ag2r, Vincent Lavenu, foi o responsável por avisar o espanhol Francisco Mancebo de sua exclusão. “Foi inevitável. Temos um compromisso com a luta antidoping e com o código de ética”, diz Lavenu. Mancebo se mostrou desapontado e afirmou que se o código de ética fosse realmente seguido, nenhuma equipe largaria no Tour 2006. Magoado, o ciclista diz que pretende se afastar do ciclismo. “Vou embora. Minha relação com a bicicleta está encerrada”.

O alemão Jan Ullrich (T-Mobile) sempre mostrou irritação ao ter seu nome relacionado com o caso desde que veio à tona, durante o Giro d`Italia. Após dizer que iria processar os jornais que vinham noticiando as informações sobre o escândalo, Ullrich foi informado pelos dirigentes da sua equipe, a alemã T-Mobile, que estaria fora da prova, assim como o espanhol Óscar Sevilla e o diretor Rudy Pevenage. Hoje, ele se diz chocado. “É a pior coisa que aconteceu em minha carreira. Em alguns dias irei me recuperar e provarei minha inocência”.

Outro favorito que está fora do Tour é o cazaque Alexandre Vinokourov. Sem nunca ter tido o nome relacionado com o caso, Vinokourov pagou o preço por sua equipe. A atual Astaná-Wurth (ex-Liberty) está no centro do escândalo, pois seu então diretor, o espanhol Manolo Saiz, chegou a ser preso durante as investigações. Em comunicado oficial, o time anunciou que se retira da competição por não contar com o número mínimo de atletas. Cinco dos nove escalados para a prova estão na lista divulgada pela justiça espanhola. Mesmo sabendo que não era bem-vinda pela organização do Tour, a Astaná tinha conseguido na justiça o direito de participar do Tour.

Alejandro Valverde, o único favorito vivo

O líder do ranking UCI Pro Tour e um dos favoritos para o Tour 2006, o espanhol Alejandro Valverde (Illes Balears) é o único dos principais candidatos ao título que ficou de fora das investigações. “Ullrich é um grande campeão do Tour e sua ausência é traumática. Pessoalmente, estou tranqüilo. Não tenho nada a temer. É um momento difícil para o Tour. Espero que no momento da largada essas coisas fiquem para trás e a corrida seja bonita e honesta”, conclui o ciclista, que terá um caminho muito mais fácil agora.