Pedalando na Estrada da Morte

Atualizado em 21 de setembro de 2018
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Do seco Deserto do Atacama, passei diretamente para o altiplano boliviano, menos árido, no entanto muito mais alto, nunca abaixo de 3.500 metros de altitude. Isso trouxe algumas dificuldades na pedalada, como frio, ventos cortantes e o ar mais rarefeito.

Viajando pela Bolívia eu me dei conta da beleza selvagem deste país. Ao mesmo tempo em que era obrigado a enfrentar dificuldades irrefutáveis podia desfrutar de paisagens lindas e exóticas, entre elas o Salar de Uyuni, o maior do mundo, com 12.000 km² de puro sal. Pedalar nele exige uma preparação muito grande, pois suas condições não são muito favoráveis ao ciclismo: altitude, frio extremo e terreno de sal petrificado.

Outra aventura foi pedalar pela famosa Estrada da Morte, “a estrada mais perigosa do mundo”, como dizem por aqui. Recusando-me a aceitar esse rótulo, que parece mais uma estratégia de marketing para tirar dólares dos turistas que querem pedalar pelo local, eu consegui algumas informações e o realizei sozinho. A estrada não é tão perigosa, mas exige do ciclista uma enorme atenção, pois o perigo não está no irregular caminho de terra ou no grande e próximo abismo que a margeia o tempo todo, mas nos inúmeros veículos bolivianos.

O caminho é sinuoso, estreito e praticamente todo em declive até uma cidade chamada Coroico. Isso obriga os veículos que sobem dos 1.000 aos 4.000 metros de altitude a andar pela contra-mão, o lado mais seguro. No entanto, é na contra-mão que os ciclistas descem. É assim, com o descuido de alguns ciclistas e a negligência dos veículos, que esta estrada ganhou seu apelido.

Arthur Simões Cardoso Neto, 24 anos, é formado em direito, professor de yoga, ciclista e esportista convicto. Ele realiza o Pedal na Estrada viajando por 30 países sobre um bicicleta, com o patrocínio da Bristol-Myers Squibb e o apoio de Fuji Bikes, Dennova e Base64.