Evandro Portela - recorde de velocidade em bicicleta (Foto: Eric Steudel)Foto: Evandro Portela - recorde de velocidade em bicicleta (Foto: Eric Steudel)

Evandro Portela bate recorde de velocidade na bicicleta

Atualizado em 29 de novembro de 2017
Mais em Notícias

O paranaense Evandro Portela, 40, bateu o recorde de velocidade na bicicleta ao pedalar a impressionantes 202 km/h, no último domingo (26). O recorde anterior, de 184 km/h, também era dele. A marca será homologada pelo Guinness, o livro dos recordes. Evandro alcançou a marca após pouco mais de seis minutos de pedal. 

O feito foi realizado na estrada BR 277, que liga Curitiba a São José dos Pinhais – fechada especialmente para a ocasião. Um Subaru WRX 4X4 350 CV turbo abriu o caminho para Evandro, quebrando a resistência do vento para que ele pudesse alcançar a marca na bicicleta. “Eu tinha apenas uma tentativa de bater o recorde, era tudo ou nada”, disse.

Conversamos com o corajoso ciclista sobre um dos momentos mais marcantes de sua vida. Confira:

VO2: A tentativa de recorde foi do jeito que você esperava?
Evandro Portela: Não. O clima estava terrível, com rajadas de vento muito fortes, quase desisti no km 3. Choveu muito durante a noite, e então lá pelas 5h da manhã o tempo abriu. Sofri muito na bike, aos 125km/h meu coração já estava a 202 bpm, falei para o piloto (Eros Deconto) e o co-piloto (Bruno Castro) diminuírem, para eu poder descansar o corpo e tentar aumentar o ritmo na fase final. Faltando poucos quilômetros para o fim do percurso, eu ainda estava a 170km/h, não era suficiente. Mas pensei: “Só tenho uma tentativa, precisa ser hoje”. Nos últimos 5 segundos, falei para o piloto pôr o pé no acelerador, e conseguimos alcançar 202 km/h. Era tudo ou nada. 

No que você pensa durante um pedal tão arriscado? Sente medo?
Não pode ter medo, a mente domina o corpo. A mente dominada pelo medo não está preparada para a vitória. A tentativa envolveu muita gente, sabia que tinha que tentar meu melhor.

De onde veio o desejo de pedalar em velocidades extremas?
Desde criança gosto de velocidade e ainda menino alterava minhas bicicletas com engrenagens de mais dentes. O sonho ficou comigo desde aquela época. Após anos no ciclismo profissional, montei o projeto, consegui alguns patrocínios e aconteceu.

 

 

Qual seu próximo desafio?
Quero agora enfrentar o holandês Fred Rompelberg, que alcançou os 268 km/h em 1995 no deserto de sal de Bonneville, nos EUA. Preciso de mais patrocínios, que consigam arcar com o apoio e estrutura necessários.

Que conselhos você daria a quem quer pedalar mais rápido?
Não aconselho ninguém a tentar ir tão rápido, é perigoso demais (risos). É preciso amar muito o esporte. Nem eu acreditei no perigo que enfrentei, a ficha não caiu direito ainda. Uma coisa é certa: não se pode ficar nervoso, é a mente que domina a matéria.

Como é o seu treino?
Pedalo de 500 a 600 km por semana, quase como um atleta profissional – meu volume só não é maior pois já tenho 40 anos, não sou mais tão garoto. Também faço treinos de musculação e tiros. 

Qual foi a maior dificuldade que você teve para atingir o recorde?
Lutar contra natureza é o maior desafio, contra ela ninguém pode. Minha equipe pesquisou durante todo o ano passado, sabíamos que novembro seria o melhor mês para a tentativa, com menos chuvas e vento a favor. Aconteceu tudo ao contrario. Se não fosse pelo vento, creio que teria sido capaz de alcançar cerca de 215 km/h. Mas contra a natureza ninguém pode.