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Há pouco tempo postei numa rede social uma charge que mostrava uma mulher sentada na cama com uma espingarda apontada para o marido dizendo: “Vai pedalar de novo?”. O sujeito, amedrontado, respondia: “Calma, meu bem, hoje só tenho 50 km”. Fiquei surpreso com a quantidade de gente que compartilhou a foto. Parece que muita gente se identificou com a situação.
Faço uma leitura a partir dos meus próprios alunos. No final do mês de abril, a grande maioria dos triatletas que se prepara para o Ironman Brasil está no auge do volume de treino. Já seria bem estressante se fossem profissionais, jovens e solteiros, mas a realidade é que quase todos são casados, têm emprego, filhos e esposa — e
por mais parceira e compreensiva que possa ser, num determinado momento, o excesso de tempo e energia que o treino demanda finda por entrar em conflito com aquilo que ela (ou o marido) entenda como razoável.
Quando a mulher conhece o homem sabendo que ele é triatleta, as coisas são mais fáceis — ela “já sabia onde estava se metendo”. Lembro-me da primeira vez que pedalei com Juraci Moreira na Ilha da Madeira em 2004. Ele disse: “As mulheres acham muito bonitinho o cara fazer triathlon, mas é muito difícil para elas entender e
acompanhar a rotina de um triatleta”. Bom, se era difícil para ele, modelo e atleta jovem já com duas olímpiadas, imagine para um cara de 40 anos, que decidiu parar de fumar e passou a treinar 3 horas no sábado e 6 horas no domingo. Como fica a vida social? Os casamentos com bufê servidos às 23h de sábado, antes do pedal das 6h de domingo? E a louça do almoço, quando o sono pós- -refeição é desesperador? Como tenho experiência nisso, aqui vão algumas dicas:
– Nunca diga que vai chegar do treino ao meio-dia se não tiver certeza de que realmente vai estar de volta naquele horário. Explicar que furaram quatro pneus na estrada não vai ajudar em nada.
– Se tiver um casamento ou formatura à noite, não beba nada além de água, mas aproveite a festa, sem ficar pensando no dia seguinte. Pior do que deixar a companheira
sozinha é ser uma companhia mal-humorada.
– O maior problema não é o tempo que você passa treinando, mas o quanto isso te deixa indisposto para ser um pai ou marido mais presente. Aprenda a ter pequenos
instantes de relaxamento durante o dia. Meditar ou deitar no chão por 5 minutos muda completamente o estado psíquico e físico, diminuindo o efeito do cansaço no corpo e aumentando a disposição.
– Tome consciência de que o Ironman é um desafio seu. Ter apoio da família é ótimo, mas não se pode querer compreensão para tudo. Se precisar abrir mão de alguns
treinos para que a vida familiar fique mais cômoda, faça isso sem culpa, entendendo que a planilha não é mais importante que a felicidade dos entes mais próximos.
– Cubra seus filhos e sua esposa de amor e honre os compromissos que tiver com eles. Por um período, o tempo que você irá dedicar à família poderá diminuir,
mas quantidade não é qualidade. Quando estiver presente, relaxe, pare de pensar em treinos e provas e entre em contato com o melhor que você tem a oferecer.
Coluna publicada na revista VO2 Max, edição 103, maio-junho/2014
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