Tinkov vê Riis como dirigente ultrapassado

Atualizado em 05 de agosto de 2016

“O mundo do ciclismo precisa mudar. Ou muda ou morre, ou talvez siga vagando de escândalo em escândalo por mais uma década, enquanto assistimos equipes surgirem e morrerem”.

Com essas palavras Oleg Tinkov – dono da Tinkoff-Saxo – inicia o texto, publicado em sua página no Facebook, nesta terça-feira, onde comenta, pela primeira vez, a demissão do principal dirigente de sua equipe, o norueguês Bjarne Riis.

Na declaração, o russo critica a maneira de agir de seu antigo funcionário, que define como antiquada, e diz, entre outras coisas, que não há mais espaço para “diretores-estrela”.

As duras palavras são publicadas um dia depois de Riis e Tinkov anunciarem oficialmente que, por mútuo acordo, não mais trabalhariam juntos.

“Os tempos de Sainz (apelido do ex-diretor da equipe, Manolo Saiz), (Johan) Bryneel e Bjarne Riis acabaram. Eles ficaram parados nos anos 2000. E eu não me refiro à questão do doping.”, escreveu Tinkov. “Eles não percebem coisas óbvias e são incapazes de gerir as equipes de maneira moderna”.

Campeão do Tour de France, em 1996, Riis fundou o time, hoje chamado Tinkoff-Saxo, em 1999, logo após se aposentar, e, após 14 anos como dono, o vendeu, em 2013, para Oleg Tinkov que, na época era o principal patrocinador do time.

A venda não afastou logo de cara Riis, que seguiu, até a semana passada como diretor da Tinkoff-Saxo e braço direito do novo dono. Maus resultados, somados à forma de trabalhar de Riis – antiquada, na visão de Tinkov – provocaram o rompimento na parceria.

Novos tempos
“Administrar uma equipe é uma tarefa que vai além de dar instruções de dentro de um carro. A administração também envolve o trabalho chato e monótono de escritório. Os dias dos diretores chatos e meticulosos chegaram”. Tinkov, segundo ele mesmo, está descartando um a um os “novos Riis” que lhe são oferecidos.

“Não precisamos disso. Essa maneira antiquada de pensar não é mais viável. Temos alguns dos melhores ciclistas do mundo, temos uma equipe soberba de treinadores. O ciclismo é um esporte de equipe, lembrem-se. Precisamos de uma equipe inteira com a mesma mentalidade, não de um diretor-estrela. Temos um time de referências no mundo do ciclismo e juntos vamos construir uma grande equipe”.

Crise
Na visão de Tinkov, dirigentes como Riis são símbolos de um ciclismo que tem que mudar. Um ciclismo em crise.

“Essa é a situação, hoje, onde as equipes não têm lucro, apenas despesas enormes que, em outros esportes, seriam impensáveis. As equipes dependem de patrocínio para tudo e esse modelo não é mais viável”, disse Tinkov. “Está aí a origem do doping e dos intermináveis escândalos que colocam uma mancha nesse esporte maravilhoso”.