Regulagem da bicicleta e o desempenho do atleta

Atualizado em 03 de agosto de 2016
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 Ao longo do tempo, as bicicletas e os equipamentos vêm sofrendo mudanças, da mesma forma que ocorre com o treinamento físico e tático, na busca da superação dos atletas em provas como o Tour de France.

Desta forma, muitos engenheiros têm focado seus estudos na busca de designs para a construção de bicicletas mais rápidas e mais eficientes, minimizando o arrasto aerodinâmico do complexo ciclista-bicicleta, otimizando o posicionamento do ciclista na bicicleta.

Em competições, o objetivo principal do atleta é o máximo desempenho, sendo importante, portanto, que o ciclista esteja em uma posição mais aerodinâmica possível para minimizar o efeito da resistência do ar e maximizar a energia despendida. Em virtude disso, pesquisas envolvendo ciclistas têm objetivado, principalmente, fatores relacionados aos efeitos da posição do corpo no ajuste da bicicleta.

Entre os fatores envolvidos podemos citar a mudança de diferentes variáveis mecânicas, entre elas: (1) tamanho do quadro, (2) geometria do quadro, (3) posição do selim, e o (4) comprimento do pé-de-vela. Essas alterações além da repercutirem na técnica da pedalada, são determinantes da geometria do corpo.

As modificações na postura do corpo mudam os ângulos entre os segmentos corporais (articulações do quadril, do joelho e do tornozelo), podendo influenciar a magnitude e a direção das forças aplicadas ao pedal. Tais mudanças podem ter repercussão na estratégia neuromuscular adotada e, portanto, afetar a técnica da pedalada, a economia de movimento e consequentemente o desempenho. Desta forma, a escolha do tamanho e da geometria do quadro deve ser feita de forma correta.

O tamanho do quadro deve ser proporcional ao tamanho do ciclista. Atualmente, ciclistas profissionais têm optado por quadros menores (geralmente um ou dois números menor) ganhando assim em rigidez, leveza e agilidade.

A geometria do quadro é determinada pela angulação do seat tube (tubo do selim) que varia entre 72 e 82° para o ciclismo e triatlo, respectivamente. Dependendo da angulação do seat tube o ciclista estará variando o comprimento de ação dos músculos e conseqüentemente a capacidade de geração de força dos mesmos.

A partir desta breve introdução, podemos observar que o tamanho e a geometria do quadro são de extrema importância na hora da escolha da bicicleta, pois não permitem regulagens posteriores. Por outro lado, o tamanho do pé-de-vela, o tamanho do avanço e os ajustes a serem feitos na posição do selim (para frente, para trás, para cima e para baixo e inclinações), podem ser modificados para melhorar a posição do complexo ciclista-bicicleta.

O tamanho do pé-de-vela é proporcional ao comprimento do membro inferior (aproximadamente 20%). Normalmente o tamanho do pé-de-vela varia entre 170 e 175 mm, podendo ser encontrado em medidas especiais em lojas especializadas. Além do comprimento do membro inferior outro fator determinante desta escolha será o tipo de prova. Em provas de circuito geralmente os ciclistas utilizam um pé-de-vela menor, em função das retomadas de velocidades (curvas), enquanto que, em provas de contra-relógio utilizam uma medida maior a fim de produzir maior potência.

Os ajustes no selim devem ser feitos de forma discreta, até que o ciclista encontre a regulagem mais adequada. Para o ajuste vertical, um método simples e prático é multiplicar a distância entre a sínfise púbica e o solo por 1,09. Em seguida, aplique esta medida a partir do eixo do pedal (quando o pé-de-vela encontra-se paralelo ao seat tube) até o topo do selim.

Para o ajuste horizontal devemos levar em conta a distância entre a ponta do selim e o avanço, sendo que esta medida deve ser proporcional ao comprimento do antebraço do ciclista. Outra maneira prática para se ajustar a posição horizontal do selim é utilizando um fio de prumo (passando pela ponta do selim até o eixo do movimento central). Ciclistas de estrada em média posicionam a ponta do selim 2 cm atrás do eixo, enquanto os triatletas posicionam 1 cm à frente.

Todas essas alterações afetarão diretamente o desempenho do atleta, no entanto, essa é uma questão difícil de ser generalizada, e talvez existam ajustes relativamente pequenos que podem exercer grande influência nas questões levantadas acima, de maneira distinta para diferentes ciclistas.