O esporte já foi pura diversão

Atualizado em 12 de dezembro de 2017
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Atletas de ponta hoje e premiadíssimos em suas modalidades, eles também já tiveram seus momentos de pura diversão no esporte, que muitos descobriram por acaso. Da brincadeira juvenil ao pódio nas competições, eles contam que suporte e acompanhamento para àqueles que descobrem um talento maior para o esporte é fundamental.

Valmir Nunes, Erica Gramiscelli, Reinaldo Colucci, Carla Moreno, Oscar Galindez, Cláudio Clarindo e Julio Paterlini – corredores, triatletas e ciclistas campeões -contam para o novo canal do ativo.com – Kids – suas iniciações esportivas. Que as histórias desses grandes atletas possam servir de inspiração para muitas crianças e adolescentes no prazer de praticar um esporte.

Valmir Nunes é um dos maiores corredores de longa distância de todos os tempos, bicampeão mundial dos 100 km e recordistas das Américas em corridas de 24 horas, com 273,8 km sem parar.

Como começou

“Comecei na escola, onde tínhamos competições escolares municipais. Em 1990, eu decidi que teria a corrida como profissão, estava treinando para maratonas e recebi um convite para correr 100 km”.

Dicas

“O trabalho com crianças é diferenciado, pois temos que ensiná-las a gostar do esporte, ter contatos com todas as modalidades esportivas, para assim decidir qual a modalidade que ela mais gosta. Não se pode cobrar resultados, tem de deixar a criança bem a vontade, brincar mesmo. Nenhuma criança pode começar a treinar atletismo a sério antes dos 17 anos, pois sua formação óssea ainda está em constituição. Porém, em alguns esportes, 17 anos já é tarde para começar”.

Erika Gramiscelli é mountain biker mineira, que este ano atacou na speed e garantiu o título brasileiro de estrada, o principal do ciclismo nacional.

Como começou

“Sempre fui apaixonada pelas duas rodas, na terra ou no asfalto sempre estive motivada a crescer, quando passei a competir provas de ciclismo fiquei surpresa com meu desempenho, achei que seria uma boa hora para aproveitar novas técnicas. No inicio tudo não passava de diversão, com o passar de um ano, percebi que minha vida seguia rumos diferentes, comecei a me destacar em vários eventos. Passei então a ser patrocinada por grandes empresas. Juntei o agradável ao útil. Primeiro amo pedalar e depois sigo treinado e vivendo por conta do esporte”.

Dicas

“Pra quem gosta de bicicleta o melhor é consegui algum treinador para que possa acompanhar todo trabalho de evolução, não queremos ver nossos futuros atletas lesionados, saúde em primeiro lugar!”.

Reinaldo Colucci é considerado uma das principais revelações do Triathlon brasileiro e treina em São Carlos/SP. Recentemente venceu o Laguna Phuket Triathlon, na Tailândia.

Como começou

“Eu inicie no triathlon com 13 anos de idade, e sempre me dei super bem, sempre demonstrei ter facilidade e certa constância nas três modalidades, por isso, desde o inicio eu sonhava em ser um triatleta profissional”. Dicas

“Ter muita força de vontade e paciência. No esporte de alto nível as coisas nem sempre acontecem na velocidade que a gente espera, por isso, a dedicação nas horas difíceis é a chave para o sucesso”.

Edivando Souza Cruz é um dos mais premiados atletas de mountain bike do Brasil, Participou da Olimpíada de Atenas, conquistou medalha de prata nos jogos Pan-Americanos de San Domingos, em 2003, e é cinco vezes campeão brasileiro de MTB.

Como começou

“Em 1992 eu tinha uns 12 anos, o MTB estava em alta e eu já andava de bike aro 20. A profissionalização foi acontecendo naturalmente. Em 95 eu entrei para equipe Caloi e comecei na categoria júnior, aos poucos fui competindo na Elite e conquistando bons resultados, e estou aqui competindo pela equipe Astro há 2 anos, dando continuidade ao meu trabalho como profissional. Mas a bike para mim não é só competição é também lazer e meio de transporte, bike é muito bom!”

Dicas

“Em pimeiro lugar deve ser observado o local onde a criança vai pedalar, se é na estrada, parques ou estradas de terra, depois buscar um equipamento compatível com o local. O tamanho da bicicleta deve estar de acordo com a estatura da criança, pois pequena demais pode prejudicar as costas e grande os joelhos, por isso é bom ir em lojas especializadas onde tenham pessoas preparadas para dar a orientação correta. As habilidades vão se desenvolvendo naturalmente, à medida que a criança está em contato com a bicicleta ela pega confiança e também ao observar os outras ela vai imitando, eu tenho um filho de 3 anos e sei muito bem como é isso, se deixar, depois de um tempo eles querem fazer manobras, como descer degraus, e por isso é bom ficar de olho”.

OSGAR GALINDEZ – é argentino mas está radicado há muitos anos em Santos. O triatleta é considerado um dos grandes nomes do triathlon mundial, foi o campeão do Ironman Brasil Telecom deste ano e na final mundial do Ironman no Havaí, em outubro, ficou em 13º lugar.

Como começou

“Meu interesse inicial surgiu em 1986, quando um amigo trouxe um recorte de jornal que divulgava uma prova de triathlon. Naquela época fazer uma prova dessas era um grande desafio, mais ainda do que hoje. Comecei nadar e, com apenas 2 semanas de treinamento, disputei meu primeiro triathlon. Quando cruzei a linha de chegada do meu primeiro triathlon, eu soube que esse seria o meu esporte favorito. Não a minha profissão. A minha carreira esportiva sempre foi ascendente, então a cada prova que eu competia, eu sabia que podia conquistar outros objetivos. Por isso partia para tentar conquistar novos desafios, ia ganhando uma grana em cada pódio que fazia, e então fui pegando o gosto. No começo foi complicado, já que eu estudava em uma escola em período integral. Porém, sempre me virava para treinar. Por exemplo, quando tinha aula de educação física e o professor dava vôlei, eu pedia autorização para correr”.

Dicas

“Independente do esporte que eles decidam praticar, não deve existir cobrança de resultados logo no começo. Eles precisam curtir o esporte, dar risada, fazer amizades, e ter paixão por aquilo”. Galindez diz ainda como incentiva a pratica esportiva em seus dois filhos – “sem pressão, eles que decidem fazer isso ou aquilo (em matéria de esportes). O mais importante é a educação que eu dou para eles sem precisar falar muito, já que eles convivem num ambiente 100% esportivo”.

Júlio Paterlini é tricampeão do Extra Distance. Este ano o ciclista santista encarou o Le Tour Ultime, competição de endurance na Europa que tem praticamente o mesmo trajeto da famosa Tour de France. Em 2007, ele se prepara para disputar a Cape Epic, na África do Sul, com 886 km de percurso e 15 km de escalada.

Como começou

“Quando tinha uns nove anos ia juntamente com meu pai acompanhar as provas de ciclismo em que meu irmão Robson Paterlini competia e, de tanto ver, fui pegando gosto pelo pedal. Comecei competindo de verdade com 10 anos na categoria estreante, aí dei uma parada e aos 13 anos voltei a pedalar para tentar perder peso. Nessa brincadeira fui obtendo alguns bons resultados e, como naquela época o ciclismo estava em alta e tinham boas equipes, fui convidado a fazer parte de uma e quando vi estava recebendo para fazer o que eu mais gostava, que era pedalar. Daí pra frente não parei mais e estou pedalando até hoje”.

Dicas

“As crianças e adolescentes têm que ter equipamento adequado e seguro para começar, fazer manutenção na bike constantemente, escolher um local sem risco pra pedalar, ter prazer em fazer este esporte, que vejam todos os benefícios que o pedal proporciona, que aproveite o lado social da bike e que curta a natureza. Se quiser p
edalar pra competir que tenha dedicação, disciplina e muita vontade de sofrer porque treinamento para ser um bom ciclista sem sofrimento não dá!”

Cláudio Clarindo é vice-campeão do Extra Distance, bicampeão da prova 24 Horas de Fortaleza, na categoria solo, e hoje diretor-técnico da Equipe A Tribuna Unilus de Ciclismo.

Como começou

“O ciclismo veio do triathlon e pela ajuda de Claudio Diegues (técnico da equipe Memorial de Ciclismo) para que eu tomasse gosto indiscutivelmente pela modalidade, e depois o ciclismo de longa distância. Depois que parei de fazer Ironman, decidi que tinha que fazer algo longo, depois de ter feito uma homenagem ao meu avô, pedalando 450 km, eu comecei a ver o ciclismo de outra forma, aí comecei a ver que o RAAM (Race Across América, considerada uma das provas mais difíceis do mundo) é possível. Nunca tive moleza, pois meus pais não tinham condições de me ajudar financeiramente neste sentido, então comecei a lutar para vencer na vida com o esporte e não parei mais”.

Dicas

“A coisa mais importante é você ser honesto e ter bons amigos, pois se você é honesto um dia você vai ser lembrado e seus bons amigos vão te encaminhar para um bom lugar”.

Carla Moreno consagrou-se recentemente pentacampeã do Troféu Brasil de Triathlon, um dos mais importantes do País, e comemora também a vaga conquistada para ser um das três representantes brasileiras nos Jogos Pan-Americanos de 2007 no Rio.

Como começou

“Pratiquei vários esportes em minha vida, desde os três anos eu pratico esporte. Então pude conhecer um pouco de cada modalidade, mas, a que eu mais fiquei foi na natação, durante 10 anos. Ainda nadadora, fiz algumas provas de corrida de rua, com isso foi um passo para a iniciação no triathlon, pois foi só acrescentar a bike. Quando iniciei no triathlon, com apenas 10 meses de treinamento eu já me tornei profissional”.

Dicas

“Ter uma orientação médica para estar apto a prática esportiva. Segundo é ter um orientador físico para que o trabalho não tenha excessos. No caso das crianças e adolescentes, que pratiquem várias modalidades, quem sabe pode ter a aptidão em algum e ser um grande campeão, mas, se a vocação não for o esporte, pratique, pois terá uma excelente qualidadde de vida!”