Características de intensidade em treino de ciclismo

Atualizado em 03 de agosto de 2016
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O processo de treinamento no ciclismo, assim como para outros esportes, é regido pelas leis do treinamento desportivo. Dentre estas, destacam-se a freqüência, duração e intensidade do treinamento.

Freqüência e duração são variáveis relativamente fáceis de controlar durante um programa de treinamento, no entanto, a intensidade do exercício é um tanto mais complexa, e tem sido bastante estudada nos últimos anos.

Para se obter sucesso em programas de treinamento, principalmente de predomínio aeróbico, existe a necessidade de serem aumentados os períodos de tempo em que o exercício é realizado acima do limiar anaeróbico, caracterizado por intensidades superiores a 80% consumo máximo de oxigênio (VO2máx) em ciclistas treinados.

Ainda em relação à intensidade de esforço, deve-se salientar que além das sessões de treino, o ciclista participa de competições onde a intensidade é maior. Com isso, o organismo do ciclista é sobrecarregado ao máximo ou muito próximo a isso, atingindo valores superiores a 85% do VO2máx.

Além da utilização de percentuais do VO2máx como indicadores de intensidade de esforço, também tem crescido muito o uso de percentuais da freqüência cardíaca (FC) máxima como descritos da intensidade, principalmente durante treinamentos e competições, onde medidas diretas de VO2 se tornam inviáveis na grande maioria dos casos.

Pesquisadores que realizaram o monitoramento da FC em ciclistas de estrada profissionais observaram que em provas de distância inferior a 10 km, a FC permanece em média a 89% do seu valor máximo. Já em provas com distância superiores a 40 km estes percentuais caem para 80%.

Assim como para ciclistas de estrada, também ciclistas de montain bike tiveram a FC monitorada em competição. Os pesquisadores dividiram provas de cross-country em três faixas de intensidade de esforço, e concluíram que em 18% do tempo total a FC permaneceu em uma intensidade considerara leve, 51% em uma intensidade considerada moderada e 31% do tempo total em intensidades consideradas intensas. Isto mostrou que grande parte das provas é realizada em intensidade de esforço moderada a intensa.

Apesar da intensidade de treinamento ser bastante investigada, o volume de treinamento não tem recebido a devida atenção. Atletas profissionais europeus chegam a percorrer 25.000 a 30.000 km durante uma temporada, sendo que nesta distância estão incluídas mais de 90 dias de provas e ao menos a participação em uma das três maiores provas de ciclismo, as quais tem duração de aproximadamente três semanas (Tour de France, Giro D-Itália, Vuelta a la Espana). No entanto, atletas amadores também costumam vencer distâncias que muitas vezes ultrapassam 25.000 km e 50 competições por ano, o que exige um condicionamento físico apurado.

Portanto, pode-se dizer que as intensidades de esforços mantidas pelos atletas durante treinamentos e competições possuem características de exercício moderadamente intenso e intenso.

Em relação aos volumes de treinamento estes podem variar de acordo com o rendimento exigido, no entanto, mesmo em ciclistas recreacionais são encontradas quilometragens bastante significativas ao longo da temporada.