As confissões de Laurent Roux

Atualizado em 21 de setembro de 2018
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POR ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ

Começou nesta segunda-feira em Bordeaux (França) o julgamento de 23 pessoas do meio ciclístico por tráfico de produtos dopantes provenientes da Bélgica entre 2002 e 2005. Conhecido como “pot belge” (pote belga), o caso envolve o ex-ciclista Laurent Roux, o ex-diretor esportivo adjunto da equipe francesa Ag2R Laurent Biondi, o ex-campeão mundial de MTB Christophe Dupouey, o ex-massagista da equipe belga ADR, Freddy Sergant. Este último é um dos protagonistas do caso, acusado de importar, entre 2002 e 2005, mais de dois mil frascos do “pote belga”, um coquetel de anfetaminas que às vezes incluía cocaína e heroína, expondo os atletas a grandes riscos.

Laurent Roux – ciclista profissional entre 1994 e 2003 – e seu irmão Fabien, ex-ciclista que só correu como amador, são acusados de ser os principais fornecedores do produto, que era repassado a vários intermediários, que o distribuíam em todo o sul da França. Os acusados podem ser condenados a até dez anos de prisão.

Em seu depoimento diante dos juízes, Laurent Roux afirmou ter tomado “Eritropoietina (EPO), hormônios de crescimento e cortisona. Eram as coisas básicas que se consumiam na época. Todo mundo tomava pelo menos isso. Os grandes tomavam coisas que eu não podia pagar, como hemoglobina sintética e faziam transfusões sanguíneas”. Ex-ciclista das equipes TVM, Casino, Castorama e Jean Delatour, Roux afirmou que no pelotão francês “todo mundo passou do limite” em matéria de doping em meados dos anos 90 em conseqüência da “enorme pressão” exercida por diretores das equipes e patrocinadores. O ex-ciclista reconheceu vender a substância, cujos lucros serviam para financiar seu consumo. Roux teve um melancólico fim de carreira, depois de ter sido pego em dois exames anti-doping, em 1999 e 2002.
Fabien Roux afirmou ter consumido o “pote belga” pela primeira vez em uma festa em homenagem a Laurent Jalabert, o melhor ciclista francês dos anos 90, que estava presente – como confirmou uma testemunha.

Freddy Sergant admitiu ter levado à Franca as 2.000 doses de um produto “do qual ignorava a composição”. Deu respostas evasivas e minimizou seu papel no esquema de tráfico.

O julgamento deve terminar nesta quinta-feira.