União de treino de endurance e força para desempenho

Atualizado em 02 de março de 2011
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O volume de treino de ciclistas profissionais gira em torno de 27.000 a 39.0000 km/ano, e é o principal fator determinante do desempenho. Recentemente, os efeitos da incorporação do treino de força aos de endurance têm recebido considerável atenção por parte de treinadores e pesquisadores.

Os dados sobre a influência do treinamento cruzado (treino de força + treino endurance no ciclismo) são um tanto contraditórios devido às diferenças na relação volume x intensidade x velocidade de execução do movimento durante os treinamentos entre os estudos.

Levando em consideração estes fatores, um estudo realizado por Jeukendrup e Cols. (2001) teve como intuito analisar os efeitos da reposição de parte do treinamento de endurance por um treinamento de força explosiva no desempenho de endurance e no desempenho de curta duração em ciclistas competitivos.

Para isso, um grupo controle de oito ciclistas (GC) realizou apenas o treinamento de endurance na bicicleta, enquanto que outros oito ciclistas (GE) realizaram treinos combinados de força explosiva em treinamento de contra-resistência e de endurance na bicicleta.

Para um volume médio semanal de 8,5 h, 37% deste volume para o GE foi constituído por treinamento de força explosiva. Este foi caracterizado por 4 séries de 30 repetições em 3 exercícios distintos: agachamento, leg-press e step up (unilateral). Neste treinamento, 3 séries de treinos de endurance com duração de 10 min a 75% da frequência cardíaca máxima foram intercaladas com as séries de força explosiva (2 séries de 30 repetições para cada exercício).

Durante as 20 primeiras repetições não deveria ocorrer perda de velocidade, sendo nas 10 últimas permitido uma leve redução da mesma. Já o treino de endurance na bicicleta foi constituído em diferentes intensidades tendo-se como referência a frequência cardíaca do limiar ventilatório.

As medidas de desempenho utilizadas foram o teste de desempenho de curta duração com duração de 30 s a 60 rpm (rotações por minuto); o teste de desempenho no contra-relógio; e o teste que avaliou a máxima capacidade de trabalho em uma cadência de 80 rpm. Estes testes foram realizados antes do período de treinamento, após quatro semanas de treino e ao final do período de nove semanas de treinamento.

Os resultados demonstraram que após 4 semanas de treinamento, o GE apresentou aumento significativo na produção de potencia máxima e aumento na média do valor de produção de potência no desempenho do contra-relógio, enquanto o GC não apresentou mudança significativa no mesmo período.

Esses dados sugerem que as adaptações no desempenho de endurance ocorrem de maneira mais rápida após o treinamento combinado de força explosiva e endurance do que após o treinamento de endurance apenas. Identificou-se também que o decréscimo no desempenho de curta duração foi prevenido pelo treinamento de força explosiva, devido ao maior decréscimo na taxa de produção de potência observado no desempenho do GC em relação ao grupo GE.

Além disso, não foi observado mudanças na composição da massa corporal dos atletas, o que significa que a reposição de uma porção do treino de endurance pelo programa de treinamento em força explosiva não acelera a hipertrofia muscular, que pode ser prejudicial para exercícios de longa duração onde a massa corporal é relevante.

Em conclusão, o principal achado da investigação foi de que o treinamento de força explosiva como fazendo parte do treino de endurance (ciclismo) reduz a magnitude das perdas de desempenho em um teste de curta duração (30s). Além disso, pode ser utilizado como estratégia de treino em dias de clima inadequado (ex: dias de chuva) ou de aceleração de performance, conforme observado no desempenho de contra-relógio de 1 hora.

REFERÊNCIA UTILIZADA
Bastiaans JJ, van Diemen AB, Veneberg T, Jeukendrup AE. The effects of replacing a portion of endurance training by explosive strength training on performance in trained cyclists. Eur J Appl Physiol. 2001 Nov;86(1):79-84