Uma questão de equilíbrio

Atualizado em 21 de fevereiro de 2011
Mais em

* Por Cristina Abrami

Uma das grandes questões do treinamento físico é o processo de estresse e adaptação pelo qual o corpo passa para que se adquira um melhor desempenho. Compreender a fisiologia da corrida pode ajudar a atingir e manter uma adaptação adequada, sem exigir demais ou de menos do corpo, para que se possa evoluir no treinamento sem cometer excessos que podem levar à exaustão e lesões.

Para que seja possível correr, vários órgãos e tecidos desempenham tarefas formando um sistema integrado. O sistema locomotor humano é extremamente complexo e compreende uma série de dinâmicas físicas, químicas e neurais altamente especializadas.

O sistema musculoesquelético saudável e balanceado é o que garante a base para um desempenho eficiente. Se no dia-a-dia tendemos a usar nosso corpo de forma desequilibrada e desarmônica, também durante a própria corrida utilizamos alguns músculos com mais ou menos frequência, gerando desequilíbrios posturais, dores e disfunções. Desta forma, algumas partes do corpo se fortalecem enquanto outras ficam subutilizadas e enfraquecem.

Se em algum momento não nos preocupamos em restabelecer esse equilíbrio, fatalmente não só o desempenho será prejudicado, mas a própria qualidade de vida ficará comprometida. Para desempenhar bem qualquer atividade, incluindo a prática de qualquer esporte, é importante que o corpo tenha estímulos variados e se mantenha ativo de maneira global, evitando movimentos repetitivos sem a devida compensação.

Por ter como foco a saúde integral, os exercícios do método Pilates privilegiam o desenvolvimento harmônico de todo o corpo, agregando ao treinamento a consciência do movimento, a qualidade e precisão na execução e a busca da excelência.

Envolvendo todo o ser (mente, corpo e espírito) na tarefa de mover-se, os exercícios de Pilates não solicitam apenas o sistema musculoesquelético, mas promovem a adaptação neural necessária para que o corpo se movimente de forma mais eficiente.

A crescente consciência de si mesmo e da forma de mover-se aumentam a capacidade de reconhecer os excessos que levariam a uma falta de adaptação do corpo, causando exaustão e lesão. Desta forma, deixa-se de ser vítima para ser agente da própria transformação.

Não existe um padrão único de treinamento que estabeleça com rigorosa precisão a quantidade e intensidade de exercício necessário para que cada corredor atinja a quantidade de estresse necessário para provocar uma adaptação desejada. Tão pouco é recomendável deixar-se chegar à fadiga ou a lesão para identificar esse limite.

O reconhecimento precoce dos sinais que o corpo envia permite o gerenciamento do treinamento para que se permaneça ao mesmo tempo evoluindo e se prevenindo de lesões, tarefa difícil tanto para treinadores como para atletas.

Prevenção absoluta é impossível, mas o conhecimento da fisiologia da corrida, e principalmente o autoconhecimento, nos torna mais presentes e capazes de antecipar enganos. Investir em um bom desenvolvimento corporal, em qualquer fase da vida, nos trará mais energia, longevidade e qualidade de vida.

Pense nisso e adicione Pilates em sua rotina.

Bons treinos!

*Cristina Abrami é educadora física e diretora técnica do CGPA Pilates www.cgpapilates.com.br.