Por Bruno Romano
Foto Ricardo Zinner

Consolidada no calendário de amadores e profissionais, a prova de abertura da Copa VO2 deste ano foi realizada no percurso que inaugurou a disputa, entre os municípios de Santo Antônio do Pinhal e Campos do Jordão, em São Paulo. O trajeto, que relembra as etapas de montanha das grandes voltas de ciclismo, recebeu atletas que gostaram do que viram nos anos passados e outros que competiram pela primeira vez, nesse domingo, dia 13 de abril.

Entre os cerca de 680 atletas, o ciclista da equipe Scott Alex Diniz estava de camisa amarela e shorts verde. Ele foi decidido a repetir a primeira colocação do último Desafio. Com uma fuga nos quilômetros finais e o tempo de 1h23min45s, ele foi, de fato, o grande vencedor. “Foi mais difícil, pois todos estão em um nível alto. Para todas as equipes é a hora de estar bem para a temporada”, disse.

“A marcação é uma conseqüência. Os atletas me marcam, principalmente nesse tipo de prova com muita subida. Fica um pouco complicado já que todos ficam me esperando. Tem que estar muito forte pra decidir”, afirmou Diniz. Sobre a prova, ele ponderou: “Esse desafio é legal porque fica perto das grandes voltas [de Santa Catarina no ano passado e de São Paulo este ano]. Assim, ajuda muito a dar ritmo e a tirar aquele estresse de competição. É uma das grandes provas do Brasil. Uma das melhores do calendário”.

O primeiro Rei da Serra
“Procuramos acompanhar o ritmo da Scott, que colocou a passada na serra. Depois, escapei com o Diniz. Subimos juntos e, no fim, ele abriu uma vantagem e venceu a prova. Vejo-o como o melhor escalador do Brasil”, disse o vice-campeão Otavio Bulgareli, da equipe Caloi.

O melhor escalador do dia, porém, foi o próprio Bulgareli. Com o tempo de 29min44s, foi o primeiro a cruzar o pórtico que garantia ao atleta o cunho de Rei da Serra, novidade da primeira etapa da Copa VO2. Como prêmio, o ciclista levou para casa uma exclusiva camisa branca com bolinhas azuis e um kit com DVDs da VO2.

Contente com o resultado, Bulgareli analisou a prova e garantiu a presença de toda a equipe nas próximas edições: “Esse tipo de prova com serra, desnível, percurso entre duas cidades é uma prova bem parecida com o nível europeu. O Brasil precisa de mais provas assim”.

Disputa do feminino e amadores
Já entre as mulheres da elite, o título ficou com Débora Cristina Gerhard, da Scott, que fechou com o tempo de 1h48min16s (e 30 centésimos de segundo). A informação entre parênteses definiu o pódio já que a segunda colocada Luciene Ferreira da Silva (Scott) chegou apenas 10 centésimos depois. Ana Paula Elias, da equipe A Tribuna completou o pódio. “A Ana Paula havia sido campeã no ano passado e viemos para ajudá-la a manter o título. Mas é complicado fazer um trabalho em equipe nesse circuito. Chega uma hora que é cada um por si”, explicou Valquíria Pardial, ciclista da A Tribuna que participou pela primeira vez da prova e acabou na quarta colocação.

Acostumada a competir, a atleta comentou os últimos quilômetros de pedal, já pertencentes a Campos do Jordão, com subidas bastante íngremes: “Cheguei ali e já estava acabada, destruída, foi na raça mesmo”.

Quem concorda com ela é o amador Francisco Horta, de 54 anos. “Agora que incluíram esse pedaço que sobe o Alto da Boa Vista virou o verdadeiro desafio. Aí acaba até a reserva do tanque”, disse. Na verdade, o trecho já havia sido incluído na última etapa de 2008, mas mesmo assim pegou alguns atletas de surpresa. “Estranhei, pois andei melhor esse ano e fiz um tempo maior”, afirmou Tiago Mota, ciclista amador de Campos (RJ), que é professor de spinning. Mota havia acabado de receber uma massagem pós-prova – exclusiva para assinantes da VO2, que receberam também camisetas de finisher – quando comentava a dificuldade de treinar em subidas na sua cidade. Mesmo assim ele promete trazer cinco de suas alunas para as próximas etapas da Copa VO2: “Onde moro é muito plano e elas ainda estão muitos crus para esse tipo de prova”, explicou, afirmando que há formas de fazer o treinamento específico indoor.

O segredo da montanha
Quem se preparou e já competiu no domingo foi a amadora Ana Oliva, atleta da MPR de 26 anos. O segredo para ela está na relação da bike. “A primeira serra é bem mais tranqüila, você encaixa um ritmo e vai. Na segunda, se não tiver uma boa relação, é complicado”, disse ela que trocou a 11×23 de sua Giant por uma 11×27, experiência que trouxe da participação em uma etapa no ano passado.

Voltando de uma lesão muscular no glúteo, que a deixou três meses parada, usou a prova como parâmetro para sua recuperação. “É uma prova que exige musculatura e resistência, por isso é espetacular como treino de base”, diz ela que também é triatleta e pretende fazer seu primeiro meio-Ironman na Suíça em junho.

Amadores de elite
Na disputa dos amadores, quem se deu melhor (pela segunda vez consecutiva) foi Bárbara Bianca. “Como já conhecia o percurso estava bem tranqüila. Além disso, estava treinando desde o começo do ano para a prova. Por isso, estava bastante confiante ainda mais com a nova bicicleta [uma Caloi de carbono que ganhou como prêmio na última etapa de 2007]”, disse após o pódio.

Ela que treina no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, estava bastante satisfeita com a vitória (1h56min), e já pensa em seguir uma carreira profissional. Por hora, trabalha e tem apenas uma hora de treino por dia. “Ando mesmo por hobby, mas cada dia que você ganha dá uma motivação maior para competir”, diz a jovem ciclista de 21 anos.

Mais jovem ainda era Diego da Silva, o melhor amador do dia. Com apenas 17 anos, surpreendeu a todos na sua prova de estréia: “Foi uma prova muito boa – e bem dura. Fiz o melhor de mim, fui primeiro e ganhei uma bicicleta dessa [diz mostrando sua nova Caloi]. Era mais do que esperava”. Com o tempo de 1h36min26s, garantiu a vitória nos metros finais: “Larguei com o pelotão de elite, mas não consegui acompanhar o ritmo deles. Fiquei um pouco para trás com os primeiros amadores e defini no sprint final”.
Ambos foram, além de vencedores gerais no amador, os Reis da Serra com os tempos de 45min11s (Bárbara) e 36min36s (Diego) e levaram para casa, camisas especiais e um kit com DVDs da VO2, além de uma Caloi Race novinha – mais uma para a “coleção” de Bárbara e a primeira do jovem talentoso Diego.

Resultados:

Elite Masculino:
1º Alex Diniz – 1h23min45s
2º Otavio Bulgareli – 1h23min57s
3º Magno Prado – 1h26min25s

Elite Feminino:
1ª Débora Cristina Gerhard – 1h48min16s.30
2ª Luciene Ferreira da Silva – 1h48min16s.40
3ª Ana Paula Elias – 1h52min33s

Melhor amador:
Diego da Silva Andrade – 1h36min26s

Melhor amadora:
Bárbara Bianca – 1h56min