Por Jacinto dos Santos
Fotos Elizabeth Barth

A elite americana da corrida de longa distância se encontrou antes das 6h30, na cidade de Madison, em Wisconsin, Estado no meio-norte dos Estados Unidos. O belíssimo percurso à beira de um lago semi-congelado, dentro de uma das maiores universidades americanas, formou o cenário em que um seleto grupo de 38 atletas se aventurou contra a distância e o clima, na Ultra-maratona de Madison, com 100 km.

A temperatura média de -2ºC castigou os corredores. O campeão do ano passado, Greg Crowther, 37, abandonou a prova próximo ao km 50. “O tempo estava horroroso. Não me senti bem e resolvi abandonar”, comentou Greg. Michael Wardian, 34, foi o campeão com o impressionante tempo de 6h56min57s, levando 2 mil dólares além de uma das vagas na equipe americana: “Foi imensamente difícil completar a prova. Uma loucura mesmo”. Entre as mulheres Carolyn Smith, 42, ficou com o campeonato, o prêmio e uma das vagas na equipe americana, terminando a prova em 8h25min26s. Para ela, a corrida “foi o maior desafio que já passei, algo indescritível”.

Coisa de louco
Tim Yanacheck, 46, advogado, ultra-maratonista e diretor do evento, não poupou elogios aos atletas após a corrida. “Vocês são, provavelmente, os corredores mais corajosos dos Estados Unidos”, disse. Tim brincou várias vezes dizendo que as pessoas sempre lhe perguntam por que é que ele corre uma ultra-maratona. “Sei lá, devo ser louco mesmo”, brincou Tim.

Os brasileiros: uma dor se apaga com outra dor
O único brasileiro presente tinha um motivo curioso para participar da aventura. Ronaldo Ribeiro, 30, estudante de doutorado, comentou que precisava correr para superar o fim de um relacionamento. “Separei de minha namorada e senti uma dor que era quase física. Pensei que a dor dos treinos e do esforço da corrida de alguma forma reverteria a minha dor emocional. Mas acho que isso foi meio coisa de estudante de poesia, né!?”, contou.

Ronaldo disse ainda que a prova não só testou os seus próprios limites físicos e mentais, mas que lhe ensinou a sentir empatia pelos outros competidores. “Numa corrida de mais de 10 horas você percebe que o seu sofrimento físico não toca tanto as pessoas, que é difícil de explicar o que você está passando. E é aí que você aprende a sentir compaixão diante da dor dos outros. Foi uma grande lição participar desta corrida”, falou. Ronaldo completou a prova em 9h08min46s, ficando em 8˚ lugar geral.

:: Serviço:
2ª edição da Ultra-maratona de Madison

Data: 12 de abril de 2008
Horário da largada: 6h30
Distância: 100 km
Clima: neve, vento e frio
Temperatura: 1ºC (média)
Umidade: 64% (média)
Valor da inscrição: US$ 85
Site: www.madcity100k.com