Treino com tiros

Atualizado em 29 de outubro de 2008
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Eles costumam ser os treinos mais desgastantes da semana de um corredor, mas não têm apenas como função fazer você suar mais. Os treinos de tiro são fundamentais para quem quer melhorar o desempenho nas provas longas. “Assim como os trabalhos de resistência e técnica, o intervalado é fundamental para o aperfeiçoamento da velocidade como qualidade num corredor”, explica Ricardo Arap, da Race Assessoria Esportiva.

Para entender melhor a importância desse tipo de estímulo, o treinador Cláudio Castilho, da Saúde e Performance, conta o que acontece no corpo do atleta quando ele faz os treinos de tiro. “Este trabalho estimula ritmos superiores aos que normalmente o corredor está habituado a desenvolver em trabalhos contínuos e, com ele podemos, elevar a velocidade média do individuo. Isto acontece porque o atleta passa a estimular as fibras musculares de contração rápida que normalmente são menos usadas em trabalhos de endurance”, falou o treinador.

A maneira como o organismo neutraliza o ácido lático também muda quando se faz esse tipo de treino. “Outro fator importante é que, por estarmos momentaneamente em débito de oxigênio, ocorre uma produção maior de acido lático e, assim, podemos melhorar o mecanismo de produção e remoção deste acido. O resultado disso é o aumento significativo do limiar anaeróbio do corredor”, completou.

Ricardo Arap acrescenta ainda que o trabalho respiratório se intensifica por causa da variação da freqüência cardíaca e o atleta passa a ter uma tolerância maior ao esforço e aprende a economizar energia em circunstâncias determinadas.

Dose os treinos
Como o grau de esforço é muito grande, os treinos de tiro devem ser muito bem dosados na rotina do corredor para evitar um desgaste excessivo e até lesões. “Considerando pessoas normais e não atletas profissionais, uma vez no mínimo e duas vezes no máximo por semana”, afirmou Ricardo Arap. “É importante ressaltar que é necessário um intervalo de pelo menos 72 horas entre estes estímulos”, alertou Cláudio Castilho.

Apesar de o atleta ser submetido a um desgaste maior, os treinos intervalados são mais curtos e devem respeitar a adaptação de cada corredor. “Costumo dizer que intensidades acima dos 85% da freqüência cardíaca máxima de um corredor já caracterizam um trabalho intenso, portanto quanto mais próximo dos 100% o treinador quiser chegar, mais cautela ele deverá ter para estipular o numero de estímulos que será dado”, falou Cláudio Castilho.

De acordo com Ricardo Arap, iniciantes podem trabalhar entre 5 e 12 minutos de esforço, intermediários, 10 a 20 minutos e avançados entre 10 e 30 minutos, todos os tempos são referentes ao tempo descontado os intervalos de descanso. Vale ressaltar que esse tipo de treino deve ser acompanhado de perto por um treinador. Os intervalos maiores de esforço podem favorecer lesões e um profissional vai te ajudar a compreender os limites do seu corpo.