Tensão pré-prova

Atualizado em 30 de julho de 2009
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Por Cesar Candido dos Santos

Depois de meses de dedicação aos treinamentos, chega enfim o momento mais importante para um corredor, participar de uma prova. Porém, por mais experiente que seja o atleta, é comum dar aquele “friozinho” na barriga dias antes de um evento importante, e é preciso saber controlar a ansiedade para que todo um projeto não vá por água abaixo devido a uma noite mal dormida ou outro fator qualquer.

“O principal motivo que provoca esse nervosismo é o medo de não conseguir um bom resultado, de não alcançar o objetivo determinado”, explica Valéria Sapienza, psicóloga esportiva da Life Psicologia e da ação social “Rugby Para Todos”, que diz que ficar tenso antes de uma prova importante não é exclusividade dos iniciantes. “A tensão pode até diminuir com o tempo, mas, por mais experiente que seja o atleta, o friozinho na barriga sempre vai existir”.

Sinais
Diversos sintomas podem indicar o nervosismo causado pela proximidade de uma competição. De acordo com a psicóloga Valéria, os mais comuns são: insônia, perda de sono, falta de apetite, suor excessivo nas mãos, irritabilidade e cansaço fora do comum. ”Quando se aproxima uma prova, é visível a mudança de comportamento de alguns atletas, que começam a ficar mais agitados”, afirma Enzo Amato, treinador da Way 2 Run.

Controle a ansiedade
Assim como existem diferentes sinais que demonstram que a pessoa está tensa antes de uma prova, os métodos para diminuir o nervosismo também são diversos. Segundo Amato, na maioria dos casos, apenas adquirir experiência e confiança durante os treinos já é suficiente para aliviar um pouco a ansiedade. “Com o passar do tempo, o atleta começa a se sentir mais seguro e o nervosismo diminui. O papel do treinador também é muito importante nesses casos, pois podemos sentir isso e dar algumas orientações durante os treinos”, declarou Enzo.

O psicólogo João Cozac, Presidente da Associação Paulista de Psicologia do Esporte, explica que a ansiedade gerada pela tensão pré-competição se ramifica em duas partes, a ansiedade somática e a cognitiva.

A somática atua no organismo como um todo e pode provocar insônia, urgência urinal, diarréia e até síndrome do pânico. “Para aliviar este tipo de ansiedade existem técnicas de mentalização, relaxamento e respiração, que aumentam a segurança e a confiança do atleta. Mas estas técnicas variam de acordo com o perfil de cada individuo e precisam de um conhecimento específico e um acompanhamento profissional”, explica Cozac.

Já a ansiedade cognitiva age principalmente na mente, e está ligada ao medo de não obter um bom resultado ou cumprir os objetivos traçados. “Ela surge quando os pensamentos não são direcionados para um otimismo e causam certo desconforto. O ideal é povoar a mente com pensamentos seguros e que sugerem um melhor desempenho. Não se preocupar muito com o evento, encarar como uma diversão”, explica João. “A pessoa precisa entender que não é profissional e por isso não deve temer por um resultado ruim. Se isso acontecer, é só levantar a cabeça e seguir treinando para a próxima prova”, completa Amato.

“A pessoa também pode distrair a mente com atividades comuns de seu dia-a-dia, como ouvir musica, ver televisão, ler um livro ou qualquer outra forma de descontração que lhe é rotineira”, afirma Cozac.