Soja pode prevenir o câncer de ovário

Atualizado em 10 de maio de 2007
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Por Odara Gallo

Um estudo publicado na revista científica norte-americana American Journal of Epidemiology em abril de 2007 levantou mais uma polêmica sobre a eficácia da ingestão de soja na prevenção de câncer, desta vez o de ovário. O grupo de pesquisadores observou 97.275 mulheres durante um ano e acrescentou à dieta de algumas delas 3 mg por dia de isoflavonas, substância abundante na soja e nos seus derivados, enquanto outras ingeriram apenas 1 mg ao dia. A conclusão foi que o consumo maior da substância diminuiu o risco de câncer de ovário.

Apesar da lógica aparente do teste realizado, um estudo simples como esse ainda não pode ser considerado uma verdade absoluta. Isso porque os pesquisadores não explicam cientificamente qual a ação efetiva das isoflavonas no organismo que preveniriam esse tipo de câncer.

Para a dr. Maria Del Pilar Estevez Diz, supervisora do Ambulatório de Oncologia Clínica do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas, o componente presente na soja pode ter ações diferentes no organismo, dependendo do órgão ou do tecido avaliado. Deve-se levar em conta também se a mulher está na pós ou na pré-menopausa. “Acredita-se que as isoflavonas tenham propriedades semelhantes aos estrogênios, porém o mecanismo de ação não é completamente compreendido”, explica. O estrogênio é o hormônio feminino cujo excesso é diretamente associado ao câncer de mama. “Um estudo mostra que elas apresentam efeito anti-estrogênico em alguns casos, o que pode ter algum impacto na prevenção de câncer de mama e de endométrio na pré-menopausa”, diz. Mas a relação com o câncer de ovário ainda é duvidosa.

Somente anos de estudos científicos e muitos testes irão dizer se a teoria dos pesquisadores norte-americanos será comprovada. Mas, como o consumo da soja e dos seus derivados também não têm contra-indicação, há quem prefira tentar tudo para diminuir os riscos. Afinal, de acordo com o dr. Jair Tadeu G. de Oliveira no livro “Alimentação Funcional – Prolongando a Vida com Saúde”, a substância possui outros benefícios como a redução do colesterol e de riscos de doenças do coração, mas o efeito só se dá com a substituição das proteínas animais pelas de soja.

Mais sobre as isoflavonas
Pesquisadores do Instituto Nacional de Câncer (INCA) realizam um projeto de pesquisa de Terapia de Reposição Hormonal (TRH) com as isoflavonas de soja em pacientes tratadas de câncer ginecológico. O estudo utiliza a substância para substituir os hormônios artificiais no tratamento de pacientes com câncer de colo uterino, que foram submetidas à castração cirúrgica e ou radioterápica.

Essas pacientes apresentam a chamada Síndrome do Climatério, sinais e sintomas que normalmente são sentidos no período da menopausa, tais como fogachos, taquicardia, dor de cabeça, dores musculares, osteoporose etc. O objetivo da pesquisa é avaliar a eficácia das isoflavonas frente a esses sintomas, mas ainda não há resultados concretos.

Câncer de ovário
O câncer de ovário tem maior incidência em mulheres com mais de 50 anos, e é considerado o câncer ginecológico mais difícil de ser diagnosticado e detectado no início. Conseqüentemente, é o que mais mata, mesmo sendo mais raro, comparado ao de colo do útero, por exemplo.

Os sintomas aparecem tarde e podem começar com um leve desconforto abdominal. Já no estágio avançado, a retenção de líquido no abdome e o aumento dos ovários podem levar a uma distensão abdominal, além de dor na região, anemia e perda de peso.

Havendo a suspeita, uma ultra-sonografia ou uma tomografia deve ser feita para detectar o aumento do tamanho do ovário, mas pode haver necessidade de cirurgia para estabelecer um diagnóstico mais exato.