Sexo e a corrida

Atualizado em 28 de outubro de 2009
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Por Fausto Fagioli Fonseca

O ser humano tem a corrida no sangue desde sua origem. O ato da concepção promove uma disputa natural, em que o espermatozóide mais rápido e “bem condicionado” é que fecunda o óvulo e dá origem ao homem, nove meses depois.

No ato sexual, uma boa condição física também ajuda, já que a atividade de procriação é também um exercício físico. Pele rosada, suor, batimento cardíaco e frequência respiratória acelerados etc. Esses sintomas descritos podem estar relacionados à corrida, mas também à prática sexual.

“O sexo pode ser considerado um tipo de atividade física. Um ato sexual convencional tem uma intensidade de aproximadamente 4,5 a 5,0 METs (um MET é o consumo de oxigênio em repouso). Isso equivale a um trote entre 7,2 e 8,0 km/h”, explica José Kawazoe Lazzoli, cardiologista, médico do esporte e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte.

“Claro que depende da forma como é feito, mas uma relação sexual que dure em média de 10 a 15 minutos pode gerar uma perda de 200 a 450 calorias. Não podemos dizer, por exemplo, que o sexo serve para perder peso, ou uma melhora cardiovascular, mas também pode ser considerado uma atividade física”, completa Renato Romani, fisiologista da Unifesp.

Corrida e o sexo
Um bom condicionamento também pode ser benéfico na hora do ato sexual. Por ambos exigirem um certo preparo, quem corre está mais apto a suportar todas as exigências físicas na hora da transa, como explica Martin Portner, médico neurologista e autor do livro “Inteligência Sexual”.

“A relação sexual com penetração exige movimentos pélvicos que consomem energia e força muscular. É comum a descrição de casais com mais de 50 anos e sedentários que interrompem a caminhada rumo ao orgasmo por cansaço. Além disso, o cansaço pode, no homem, desinflar a ereção. Portanto, um bom condicionamento físico é essencial para uma relação sexual satisfatória”.

“A prática da corrida, aumentando a capacidade funcional, pode fazer com que um ato sexual, com intensidade entre 4,5 e 5,0 METs, represente um menor percentual do “máximo” do indivíduo. Em outras palavras, o sujeito vai se cansar menos durante o ato sexual”, completa Lazolli.

Mas e a libido, o apetite sexual, será que aumenta com a prática do esporte? Romani explica. “Não podemos dizer que correr aumenta a libido, mas com a atividade física, o corredor tem uma maior produção de testosterona, que tem relação direta com o desempenho sexual”.

Sexo e a corrida
A relação sexual traz uma série de benefícios para quem pratica uma atividade como a corrida, como o relaxamento da tensão e dos músculos, ajuda também a queimar calorias, além de aliviar o estresse e melhorar o humor. Desta forma, uma vida sexual ativa pode ter influência na hora das passadas.

“A sensação de bem-estar gerada pelo coito após uma relação sexual é maior do que a de completar uma maratona. O sexo ajuda a aliviar as tensões, o estresse, e, consequentemente, dá mais ânimo não só para a prática da corrida, mas para a vida”, fala Romani, que completa. “Assim como a corrida, o sexo também libera endorfina, e é esta descarga hormonal gerada por ele que dá a sensação de relaxamento”.

E antes da prova?
Durante a Copa do Mundo de Futebol realizada no Japão, em 2002, o técnico Luiz Felipe Scolari proibiu os atletas da seleção brasileira de manterem relação sexual durante a concentração para os jogos. Ele afirmava que isso poderia prejudicar a preparação dos atletas.

Felipão provou sua tese. O Brasil foi campeão mundial naquele ano. Mas e quando o assunto é corrida? Será que “aliviar as tensões” na noite anterior a uma prova pode prejudicar suas passadas?

“Para algumas pessoas o ato sexual pode servir para relaxar um pouco, dissipando assim o nervosismo natural antes de uma prova. Não vejo nenhuma influência no resultado da corrida”, afirma Lazzoli.