Seu pé e seu tênis se dão bem?

Atualizado em 11 de fevereiro de 2011
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Na onda de artigos em revistas e sites esportivos que insistem em dizer que correr descalço ou com calçados futuristas pode ser a nova onda do mercado da corrida, lembramos que existe uma discussão importante e anterior a essas colocações: existe um tênis correto para sua pisada?

Levantar a hipótese de largar os tênis e correr descalço é retroceder no tempo e resgatar Abebe Bikila, o maratonista que venceu a olimpíada de Roma (1960) e de Tóquio (1964) com os pés descalços. Para Leandro Moraes, gerente de produtos da Asics Brasil, isso trata-se de um modismo que não é de hoje.

“Os tênis leves, com pouca costura e sistema de amortecimento menos reforçado, fazem com que a vida útil do calçado seja menor para aquelas pessoas que não possuem o biótipo adequado para esse tipo de produto. Estudos e pesquisas são feitos para desenvolver sistemas de amortecimento que gerem um menor desgaste articular e muscular e ainda possa dar conforto aos pés e garantir mais durabilidade.”

Muitos corredores acreditam que escolher um tênis apropriado para o tipo de pisada ajuda, e muito, a prevenir dores, incômodos e lesões – o que de fato não é comprovado cientificamente. O fisioterapeuta Alexandre Ferrari, com especialização em fisiologia do exercício pela UNIFESP, acredita que, mais importante que o usar o tênis para sua pisada, é você saber que seu tênis não dura para sempre, ou seja, ele tem um prazo de validade.

Alguns especialistas falam que os tênis duram de 400 a 600 km, isso pode variar muito, dependendo de quem o usa e do tipo de piso em que são realizadas as corridas. “Uma pessoa mais leve e que use o tênis que condiz com sua pisada com certeza fará seu calçado ter uma durabilidade maior; já o tênis inadequado para a pisada do corredor sofre desgastes mais rapidamente, tendo uma vida útil menor”, afirma Leandro.

Um exemplo que gosto de usar para alunos e companheiros de corrida, é de um aluno que tem a pisada extremamente supinadora, seja parado, andando ou correndo. Ele, por muito tempo, tentou usar tênis próprios para essa pisada e sempre sem êxito. Há alguns anos ele adotou um tênis para pisada pronada e não sente mais nenhum incomodo ou dores como acontecia com os tênis supinadores.

“Esta adaptação que o corpo tem que sofrer, deixando de pisar como sempre esteve acostumado, pode gerar desconfortos e lesões em alguns casos se a pessoa não estiver com o corpo muito bem estruturado sob o ponto de vista articular e muscular”, explica Alexandre Ferrari.

Temos que ter cuidado para não fazermos de algumas raras exceções a regra. São raros os corredores que não se preocupam com isso, que não respeitam o tipo de pisada ou o tempo de vida útil do tênis, que não alongam, que não fazem nenhum tipo de fortalecimento e que não sabem o que é ter dor ou incômodos. Estas pessoas fazem parte de um grupo muito pequeno de sortudos, só não sabemos até quando.

Se já está acostumado com seu tênis e se adaptou a ele, isso é um bom sinal, caso não tenha encontrado um modelo que se adapte e que seu pé e corpo se sintam confortáveis, procure uma loja especializada ou um educador físico que tenha informações e conheça você para poder orientá-lo da melhor maneira. Lembre-se de que podemos viver bem sem se preocupar com o futuro, mas um dia a conta chega – e pode cobrar caro.

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