Saiba mais sobre a pubalgia

Atualizado em 27 de dezembro de 2010
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* Por Evaldo D. Bosio Filho

A sínfise púbica é uma articulação que se localiza entre os ossos púbicos, sendo cada superfície articular recoberta por cartilagem e separada por um disco fibrocartilaginoso, que funciona primariamente como dissipador das forças de impacto na pelve durante a marcha.

A pubalgia está relacionada às alterações da sínfise púbica ou dos tecidos de partes moles adjacentes e são, em geral, secundárias a mecanismo de estresse por meio da porção anterior da sínfise, por causa do desequilíbrio mecânico das forças.

Trata-se de inflamação que ocorre na região do osso púbis, ponto de origem-inserção de diversos músculos, como os adutores da coxa, localizados na porção inferior, e os abdominais, na superior. As tensões exageradas dessas estruturas músculo-tendíneas decorrem, comumente, da prática de alguns esportes, dos quais os corredores de longa distância são responsáveis por 20% dos casos.

Em geral, os primeiros sintomas aparecem na forma de dor progressiva nos adutores, ao levantar, sentar e tossir, e podem surgir na parte inferior dos abdominais e, no homem, ao redor dos testículos. Também podem ocorrer dores mistas tanto em abdominais quanto em adutores. Pode ocorrer ainda aumento da dor com apoio em apenas um dos pés, em exercícios de alta intensidade, sensação de ardor na região da virilha, crepitação na sínfise púbica, espasmos de adutor, diminuição da amplitude de movimento do quadril e possível dor lombar.

A pubalgia pode ser classificada em dois tipos:

• As traumáticas, que aparecem por uma agressão na sínfise púbica, em decorrência do estiramento dos ligamentos, de tensão inesperada dos adutores e/ou tração do ramo púbico;

• As crônicas, que ocorrem por um desequilíbrio muscular. Desse modo, o púbis nada mais é do que vítima de um esquema funcional alterado.

Descobrindo a lesão
A diferenciação clínica e subsequente tratamento podem ser difíceis por causa da sobreposição dos sintomas, complexa anatomia local, achados ao exame físico e múltiplas possibilidades de diagnóstico diferencial. Em virtude de tais fatos, os exames de imagem são importante auxílio no estabelecimento do diagnóstico.

As causas da pubalgia podem ser separadas em dois grupos: fatores intrínsecos e fatores extrínsecos. No grupo dos fatores intrínsecos, que estão relacionados com o próprio atleta, normalmente são atletas brevilíneos (Dicionário: diz-se do indivíduo cujo corpo é mais baixo e largo do que o padrão ideal), jovens, com hipertrofia muscular, com encurtamento e menor flexibilidade dos músculos dos membros inferiores, particularmente dos adutores, em contraste com uma musculatura abdominal significativamente insuficiente.

Podemos encontrar situações que vão exigir grandes esforços da sínfise púbica, agravadas pelos gestos repetitivos a que a prática desportiva obriga. Neste grupo ainda se encontram: anomalias do canal inguinal, hérnias congênitas ou adquiridas e desigualdades no comprimento dos membros inferiores.

Os fatores extrínsecos estão diretamente relacionados com a prática desportiva, e dependem de uma série de fatores tais como: qualidade dos solos e calçado usado (pisos duros e uso de calçado com pouca absorção de choques), tipo de desporto praticado, que pode ser mais ou menos agressivo para a região púbica, excessos de treinamento e erros na coordenação e progressão do treino.

Tratamento
O tratamento inicial é sempre conservador. Repouso completo, administração de antiinflamatórios, aplicação de gelo no local, para aliviar a dor, e alongamento dos músculos abdominais, adutores e isquiotibiais. Além disso, o fortalecimento e reequilíbrio muscular são muito importantes. Pretende-se também que o atleta tenha um adequado equilíbrio dinâmico da bacia.

A fisioterapia tem papel fundamental no reequilíbrio muscular e no retorno as atividades desportivas, que deve ser progressivo.

Sendo a pubalgia uma lesão tão incapacitante, devemos preveni-la e para isso é necessário uma estreita colaboração entre atleta, treinador, médico e fisioterapeuta. A sua prevenção passa por um treino programado e devem ser prevenidos e tratados todos os fatores predisponentes.

*Especialista em Fisioterapia Esportiva pela Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva.
Membro da Sociedade Brasileira de Reeducação Postural Global – SBRPG.
Membro da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva – SONAFE.
Coordenador Científico da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva.
Coordenador de Fisioterapia Esportiva da Prime Sports – Prime Fisioterapia Especializada.
Fisioterapeuta com atuação em Fisioterapia Ortopédica, Fisioterapia Esportiva e Reeducação Postural Global – RPG.
Site: www.evaldofisio.com.br.