Ricardo Hirsch: o caminho até Kona

Atualizado em 30 de setembro de 2011
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Outubro é mês de voltar toda a atenção para a Big Island, KONA. Dia 8 acontece o Ironman do Hawai. Cada ano que passa, vemos muitas especulações sobre possíveis vencedores, quebras de recordes da prova ou de modalidades e muito mais. Mas quem me conhece sabe que mais do que números (tempo) valorizo a dedicação de cada um que chegou lá. Seja em Kona, em Floripa, em Wisconsin, em Roth ou em qualquer outra prova com distância de IRONMAN.

Sim, a conquista de um tempo bom é algo único, pois, para isso, aquele que o alcançou também se dedicou muito, também abdicou de muito.

Como treinador, todo ano tenho o desafio de preparar pessoas para encarar o IRONMAN. Fico realmente grato por ter sido escolhido por elas para treiná-los, deixá-los prontos para encarar cada quilômetro da prova. Mas fico realmente satisfeito quando vejo que consegui colocar na rotina de vida deles a prática das três modalidades sem agredir a rotina de vida pessoal ou profissional.

De que vale a busca de um tempo excelente no IRONMAN se não terá sua esposa, marido, namorado ou namorada para poder dividir? Assim que cruzar a linha de chegada, vai valer a pena ter deixado para trás momentos familiares e de amizade por minutos em um único dia daquele ano?

Antes de pensar em planejamento de treinos, sempre observo como é que é a vida de cada um que está disposto (ou acredita estar) a encarar os meses e meses de cansaço, dedicação e abdicação. Uns têm um cotidiano mais regrado, com horário para começar e terminar o trabalho, outros, sem horário para começar e alguns, sem horário para terminar o dia.

Além disso, analiso de maneira superficial como é a rotina de cada um na vida pessoal, com compromissos nos fins de semana, tempo útil dedicado aos treinos ou descanso, etc.

Sempre cometo com os alunos que o triathlon é um estilo de vida, que uns são mais dedicados, outros, menos. Mas incorporar a rotina de treinamento faz com que cada um tenha seu valor.

O estilo de vida é determinado pelo que você é no dia-a-dia e não apenas em um dia do ano. Para isso, acredito e sempre tento mostrar que o maior prazer tem que estar nos trezentos e sessenta e quatro dias do ano, pois não vale colocar em risco (ou abrir mão de) seu ano inteiro de prazer por um único dia de prazer. É um dia que deve ser a coroação por todo o comprometimento com você mesmo e com os que estavam ao seu lado.

Ah, voltando ao assunto Kona, parabéns a todos que estarão lá na água esperando o tiro do canhão para a largada de mais um dia de prazer. Um dia que será a coroação por uma rotina tão intensa e importante como a de um rei.

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