Revezamento é prova para corredores treinados

Atualizado em 28 de outubro de 2010
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Todas as vezes em que participei ou assisti a um revezamento, nestes trinta e cinco anos de carreira, deparei-me com uma cena comum; o sujeito que espera o companheiro de equipe, invariavelmente, espera ansioso e determinado a sair rápido para sua etapa.

Mesmo que não treinadas, as pessoas quando estão prestes a trocar de faixa ou bastão com o companheiro estão nervoso e se preparam para correr muito, (veja no artigo Pensar e Correr). Algumas vezes pude presenciar pessoas destreinadas e obesas preparando-se para partir muito rápido para uma prova de 10 km, por exemplo, e com condições físicas para permanecer não mais que 100 metros neste pique. Por que tal conduta? O revezamento é uma prova cativante e ilude quem dela participa.

Por partes, podemos analisar os fatores positivos e negativos de uma prova desta natureza.

Primeiro: Corrida em equipe requer muito de nossa responsabilidade, quanto mais rigorosos somos como nós mesmos, tanto mais queremos corresponder as expectativas dos nossos amigos e não deixar de se esforçar ao máximo.

Segundo: O fato de se correr em equipe vira uma questão de honra, “devo realizar”, no mínimo, melhor que os demais das outras equipes.

Terceiro: Muitos não questionam, pois os concorrentes estão o tempo todo ao redor e precisam ultrapassá-los para entregar o bastão sempre à frente daqueles que puder.

Quarto: A ilusão proporcionada pela corrida de revezamento pode afastar o cansaço ou o medo das pessoas, e prepará-las para esforços ainda maiores do que aqueles que normalmente conduziríamos para correr. Algumas vezes, ao terminar a prova e nos demais dias, o que se sente é uma dor generalizada no corpo, demonstrando que o esforço foi demasiado.

A verdade é que uma corrida de revezamento é uma prova não para se dividir o que não se consegue, mas, certamente, realizar mais rápido um percurso mais longo, e que com o esforço de todos viabilizará a possibilidade de resultado melhor.

O condicionamento físico deve prover a pessoa de condições físicas para que se exponha, sem risco, para o fim que se propôs, ou seja, correr mais forte, mais longo e, para este caso específico, em equipe.

É comum você observar que existem pessoas despreparadas em todos os eventos de corridas no mundo. Porém, o que precisamos amadurecer para que as próximas gerações tenham um ponto de partida mais calmo e interessante e sem muitas lesões é a consciência da realidade: Prova X Esforço. Desta forma nossas corridas podem se tornar, progressivamente, mais técnica, mais amadurecida.

Para o caso específico das corridas de revezamento, o apelo é muito forte e necessita de reformulações urgentes, até mesmo para que os corredores de uma forma geral obtenham melhores resultados. O melhor que temos a fazer é treinar especificamente para tais provas.

Provas nas quais o corredor terá que se expor a ritmos mais intensos condiz com treinos semelhantes, para que o esforço não seja desmedido. Por exemplo: correr no percurso da prova na velocidade que os demais companheiros correrão a prova, simular o momento de troca para ver até que ponto pode ser interessante correr mais rápido ou mais lento, e quanto, efetivamente, perde-se por não acompanhar o ritmo final do companheiro, ao final do seu trajeto. Analise se não é mais interessante realizar os primeiros 200 passos mais lentamente.

Deixe a velocidade efetivamente alta, para as provas de revezamento curto, como os casos de 100m, 200m, 400m.

Bons ritmos de revezamentos.

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