Respire Pilates

Atualizado em 19 de dezembro de 2008
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Por Alice Becker

O Pilates já nasceu estreitamente ligado ao tema da respiração. O seu criador, Joseph Hubertus Pilates, foi uma criança raquítica e asmática e passou a vida inteira pesquisando atividades físicas que melhorassem sua função respiratória e, em conseqüência, o seu desenvolvimento corporal. Um apaixonado pelo movimento, Joseph Pilates foi buscar informações que muito contribuíram para o que hoje conhecemos como seu método em atividades como ioga e nas diversas modalidades de lutas (Wrestling). O resultado disso? Sucesso no seu objetivo.

É possível, por meio do Pilates, devolver aos sedentários, aos fumantes e ex-fumantes, às gestantes do terceiro trimestre e a tantas outras pessoas que, com freqüência, não respiram de forma eficaz, uma organização corporal mais eficiente, uma conseqüente otimização da respiração e melhora da qualidade de vida. Tudo isso também pode prevenir futuros problemas corporais.

A respiração normalmente se distribui em três planos principais: anterior-posterior, lateral e superior-inferior. Com o Pilates, buscamos um equilíbrio desses três planos respiratórios. Nenhuma dessas respirações sozinha é a correta nem totalmente nociva ou boa; precisamos saber equilibrá-las, otimizá-las e diferenciá-las, desenvolvendo a consciência do momento em que cada uma delas é mais indicada ou necessária. A respiração é freqüentemente automática e inconsciente, mas também pode ser um ato voluntário e consciente.

A respiração pode ser enfatizada como instrumento para atingir qualidade na execução dos movimentos. O contrário também acontece, pois movimentos adequados com a região do tronco estimulam e ampliam a entrada e a saída de ar dos pulmões. Quando expiramos com mais força e colocamos as mãos na barriga, sentimos a ação dos músculos abdominais, que são os músculos que nos curvam para frente (flexão de coluna). A expiração facilita a mobilização da coluna em flexão. Desta forma, economizamos gasto energético e a execução do exercício é mais eficiente. Por outro lado, a inspiração profunda faz o peito subir e a coluna iniciar um arco para cima e para trás, essa respiração auxilia a realizar exercícios que exijam a extensão da coluna.
A respiração profunda ou forçada otimiza a troca de gases O2 e CO2 e é um excelente treino para os abdominais. Quando bem desenvolvida, ela explora movimentos laterais, inferiores e posteriores da “cesta” torácica formada por nossas costelas, a coluna e o osso esterno, na parte anterior. Quando essa troca é mais eficiente, o resultado é uma melhora do humor, da imunidade, da saúde dos mais diversos tecidos corporais, diminuindo a depressão, a irritação e o cansaço, tão comuns entre os que utilizam a respiração acessória como fonte principal.

Cito aqui uma frase de profunda beleza e significado, que escutei de Márcia Santiago, amiga e educadora da Physio Pilates, que revela a importância desse tema: “A respiração é o nosso primeiro e último ato de vida”.
* Alice Becker é pioneira na implantação da técnica de Pilates, atualmente é fundadora e presidente da Physio Pilates Educação, empresa licenciada pela Polestar Education para a América do Sul – www.physiopilates.com.br