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Peço desculpas aos meus amigos pela minha falta nos treinos e abandono das atividades. Não tem nada a ver com trabalho muito menos com namorada ou cachorro. Cheguei à conclusão que não passa de falta de vergonha na cara e de pouco esforço. Uma coisa que era pequena para aquele que uma vez dedicou muitas horas de seu dia ao triathlon, para simplesmente estar em companhia dos amigos e concluir uma prova. Sim, uma prova dura, com dificuldades de treinos e relacionamentos.

Grana e horas de sono acho que são coisas que faltam um pouco para todos, portanto não é desculpa. Sinto falta e quem não sente. E vou lhes contar uma história. Há mais ou menos uns dez anos eu freqüentava muito a praia. Quase que todos os finais de semana e todas as férias.

Não fui um garoto de muitas posses, tanto que meu primeiro carro comprei agora aos 27 anos. Sempre estudei mas não fiz nenhuma faculdade, acho que por falta de incentivo ou pouca orientação, também alguns problemas de juventude. Mas sempre fui um cara legal e responsável. Nessa época, em um dia qualquer eu vi um atleta de Ironman na televisão. Fique absolutamente deslumbrado com o que este tipo de ser humano pode fazer. Não só pelas distâncias percorridas nas pelo estilo de vida que leva. Capacidade de concentração, auto-suficiência, determinação, companheirismo e mais mil outras qualidades que um atleta pode adquirir em um período de treinos para se concluir a prova. Depois de tê-lo visto fiquei com um pensamento: “Será que um dia eu vou poder fazer uma prova destas?”

Fiz!!! E foi uma das minhas maiores realizações. Inacreditavelmente especial e vocês não imaginam como.

Acordar e sentir que você esta preparado para fazer a prova. Sair por volta das quatro horas da manhã da cama em direção à área de transição pensando se realmente você terá condições de terminar, que está preparado, a adrenalina subindo aos poucos. Tudo preparado e vem a faixa de largada. Água muita água! Mais do que você imaginava nos treinos, quase não se enxergam as bóias de retorno. Aí começa o medo!!! Uma buzina que não tem mais fim. Socos, pontapés e cabeçadas não são repertório de nenhuma luta de jiu-jtsu, mas sim da largada de um Ironman. Primeira bóia, muito sufoco e adrenalina a mil.

Segunda bóia - como é longe, não agüento mais, quando vai acabar? Foram pensamentos meus e acho que de muitos outros.

Transição e vamos para bike. Tudo lindo, estou onde eu quero. Muita força, um visual incrível e visão de todos os seus amigos e concorrentes. Primeira volta dos “noventinha”, muita hidratação e principalmente cautela. Segunda volta mais hidratação, mais cautela e ver muitos daqueles que me passaram no começo achando que era um short ficando para traz e desgastados. Cinco horas e lá vai fumaça. “Nossa consegui!”

Transição e corrida. “Como eu vou correr?” Todos pensamos isso. Tranqüilidade é a chave. Respeitar nosso ritmo é o que temos que fazer. Muita hidratação e concentração. Reparar em cada músculo do seu corpo, cada movimento. Sentir a respiração, o ar circulando dentro dos seus pulmões e notar que você ainda esta inteiro e pode seguir em frente. Passam-se quilômetros e você está totalmente determinado, mas começa a bater o cansaço, as cãibras, e tudo começa a desmoronar. Você pensa no que passou nos treinos e no dia-a-dia para chegar lá. Volta aquela esperança. E mais importante que isso é olhar bem dentro dos olhos de um amigo ou colega de treino ou simplesmente um espectador e ouvir: “Vai não pára! Você está bem! Está acabando!” Só que ainda faltam dez quilômetros e ainda é tudo ou nada. E no fundo você sabe que está esgotado, que não agüenta mais. Isso é incrivelmente bom de se escutar, sua força volta, seu objetivo se torna mais próximo. Últimos dois quilômetros, nossa vontade e de ir mais rápido para poder baixar o tempo. Como se toda a prova se definisse ali. Chegada. Absolutamente uma das melhores sensações do mundo. Inacreditável!!!

Acho que todos concordamos. Terminar um Ironman não tem explicação. Fiz isso somente para demonstrar o quanto quero voltar a treinar e dizer para todos os meus amigos que vou voltar a treinar para poder sentir tudo isso novamente. Desculpem-me a ausência!!!


Guilherme Dembitzky

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Peço desculpas aos meus amigos pela minha falta nos treinos e abandono das atividades. Não tem nada a ver com trabalho muito menos com namorada ou cachorro. Cheguei à conclusão que não passa de falta de vergonha na cara e de pouco esforço. Uma coisa que era pequena para aquele que uma vez dedicou muitas horas de seu dia ao triathlon, para simplesmente estar em companhia dos amigos e concluir uma prova. Sim, uma prova dura, com dificuldades de treinos e relacionamentos.

Grana e horas de sono acho que são coisas que faltam um pouco para todos, portanto não é desculpa. Sinto falta e quem não sente. E vou lhes contar uma história. Há mais ou menos uns dez anos eu freqüentava muito a praia. Quase que todos os finais de semana e todas as férias.

Não fui um garoto de muitas posses, tanto que meu primeiro carro comprei agora aos 27 anos. Sempre estudei mas não fiz nenhuma faculdade, acho que por falta de incentivo ou pouca orientação, também alguns problemas de juventude. Mas sempre fui um cara legal e responsável. Nessa época, em um dia qualquer eu vi um atleta de Ironman na televisão. Fique absolutamente deslumbrado com o que este tipo de ser humano pode fazer. Não só pelas distâncias percorridas nas pelo estilo de vida que leva. Capacidade de concentração, auto-suficiência, determinação, companheirismo e mais mil outras qualidades que um atleta pode adquirir em um período de treinos para se concluir a prova. Depois de tê-lo visto fiquei com um pensamento: “Será que um dia eu vou poder fazer uma prova destas?”

Fiz!!! E foi uma das minhas maiores realizações. Inacreditavelmente especial e vocês não imaginam como.

Acordar e sentir que você esta preparado para fazer a prova. Sair por volta das quatro horas da manhã da cama em direção à área de transição pensando se realmente você terá condições de terminar, que está preparado, a adrenalina subindo aos poucos. Tudo preparado e vem a faixa de largada. Água muita água! Mais do que você imaginava nos treinos, quase não se enxergam as bóias de retorno. Aí começa o medo!!! Uma buzina que não tem mais fim. Socos, pontapés e cabeçadas não são repertório de nenhuma luta de jiu-jtsu, mas sim da largada de um Ironman. Primeira bóia, muito sufoco e adrenalina a mil.

Segunda bóia - como é longe, não agüento mais, quando vai acabar? Foram pensamentos meus e acho que de muitos outros.

Transição e vamos para bike. Tudo lindo, estou onde eu quero. Muita força, um visual incrível e visão de todos os seus amigos e concorrentes. Primeira volta dos “noventinha”, muita hidratação e principalmente cautela. Segunda volta mais hidratação, mais cautela e ver muitos daqueles que me passaram no começo achando que era um short ficando para traz e desgastados. Cinco horas e lá vai fumaça. “Nossa consegui!”

Transição e corrida. “Como eu vou correr?” Todos pensamos isso. Tranqüilidade é a chave. Respeitar nosso ritmo é o que temos que fazer. Muita hidratação e concentração. Reparar em cada músculo do seu corpo, cada movimento. Sentir a respiração, o ar circulando dentro dos seus pulmões e notar que você ainda esta inteiro e pode seguir em frente. Passam-se quilômetros e você está totalmente determinado, mas começa a bater o cansaço, as cãibras, e tudo começa a desmoronar. Você pensa no que passou nos treinos e no dia-a-dia para chegar lá. Volta aquela esperança. E mais importante que isso é olhar bem dentro dos olhos de um amigo ou colega de treino ou simplesmente um espectador e ouvir: “Vai não pára! Você está bem! Está acabando!” Só que ainda faltam dez quilômetros e ainda é tudo ou nada. E no fundo você sabe que está esgotado, que não agüenta mais. Isso é incrivelmente bom de se escutar, sua força volta, seu objetivo se torna mais próximo. Últimos dois quilômetros, nossa vontade e de ir mais rápido para poder baixar o tempo. Como se toda a prova se definisse ali. Chegada. Absolutamente uma das melhores sensações do mundo. Inacreditável!!!

Acho que todos concordamos. Terminar um Ironman não tem explicação. Fiz isso somente para demonstrar o quanto quero voltar a treinar e dizer para todos os meus amigos que vou voltar a treinar para poder sentir tudo isso novamente. Desculpem-me a ausência!!!


Guilherme Dembitzky

Reflexões de um Ironman

Atualizado em 19 de março de 2008
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Peço desculpas aos meus amigos pela minha falta nos treinos e abandono das atividades. Não tem nada a ver com trabalho muito menos com namorada ou cachorro. Cheguei à conclusão que não passa de falta de vergonha na cara e de pouco esforço. Uma coisa que era pequena para aquele que uma vez dedicou muitas horas de seu dia ao triathlon, para simplesmente estar em companhia dos amigos e concluir uma prova. Sim, uma prova dura, com dificuldades de treinos e relacionamentos.

Grana e horas de sono acho que são coisas que faltam um pouco para todos, portanto não é desculpa. Sinto falta e quem não sente. E vou lhes contar uma história. Há mais ou menos uns dez anos eu freqüentava muito a praia. Quase que todos os finais de semana e todas as férias.

Não fui um garoto de muitas posses, tanto que meu primeiro carro comprei agora aos 27 anos. Sempre estudei mas não fiz nenhuma faculdade, acho que por falta de incentivo ou pouca orientação, também alguns problemas de juventude. Mas sempre fui um cara legal e responsável. Nessa época, em um dia qualquer eu vi um atleta de Ironman na televisão. Fique absolutamente deslumbrado com o que este tipo de ser humano pode fazer. Não só pelas distâncias percorridas nas pelo estilo de vida que leva. Capacidade de concentração, auto-suficiência, determinação, companheirismo e mais mil outras qualidades que um atleta pode adquirir em um período de treinos para se concluir a prova. Depois de tê-lo visto fiquei com um pensamento: “Será que um dia eu vou poder fazer uma prova destas?”

Fiz!!! E foi uma das minhas maiores realizações. Inacreditavelmente especial e vocês não imaginam como.

Acordar e sentir que você esta preparado para fazer a prova. Sair por volta das quatro horas da manhã da cama em direção à área de transição pensando se realmente você terá condições de terminar, que está preparado, a adrenalina subindo aos poucos. Tudo preparado e vem a faixa de largada. Água muita água! Mais do que você imaginava nos treinos, quase não se enxergam as bóias de retorno. Aí começa o medo!!! Uma buzina que não tem mais fim. Socos, pontapés e cabeçadas não são repertório de nenhuma luta de jiu-jtsu, mas sim da largada de um Ironman. Primeira bóia, muito sufoco e adrenalina a mil.

Segunda bóia – como é longe, não agüento mais, quando vai acabar? Foram pensamentos meus e acho que de muitos outros.

Transição e vamos para bike. Tudo lindo, estou onde eu quero. Muita força, um visual incrível e visão de todos os seus amigos e concorrentes. Primeira volta dos “noventinha”, muita hidratação e principalmente cautela. Segunda volta mais hidratação, mais cautela e ver muitos daqueles que me passaram no começo achando que era um short ficando para traz e desgastados. Cinco horas e lá vai fumaça. “Nossa consegui!”

Transição e corrida. “Como eu vou correr?” Todos pensamos isso. Tranqüilidade é a chave. Respeitar nosso ritmo é o que temos que fazer. Muita hidratação e concentração. Reparar em cada músculo do seu corpo, cada movimento. Sentir a respiração, o ar circulando dentro dos seus pulmões e notar que você ainda esta inteiro e pode seguir em frente. Passam-se quilômetros e você está totalmente determinado, mas começa a bater o cansaço, as cãibras, e tudo começa a desmoronar. Você pensa no que passou nos treinos e no dia-a-dia para chegar lá. Volta aquela esperança. E mais importante que isso é olhar bem dentro dos olhos de um amigo ou colega de treino ou simplesmente um espectador e ouvir: “Vai não pára! Você está bem! Está acabando!” Só que ainda faltam dez quilômetros e ainda é tudo ou nada. E no fundo você sabe que está esgotado, que não agüenta mais. Isso é incrivelmente bom de se escutar, sua força volta, seu objetivo se torna mais próximo. Últimos dois quilômetros, nossa vontade e de ir mais rápido para poder baixar o tempo. Como se toda a prova se definisse ali. Chegada. Absolutamente uma das melhores sensações do mundo. Inacreditável!!!

Acho que todos concordamos. Terminar um Ironman não tem explicação. Fiz isso somente para demonstrar o quanto quero voltar a treinar e dizer para todos os meus amigos que vou voltar a treinar para poder sentir tudo isso novamente. Desculpem-me a ausência!!!

Guilherme Dembitzky