Querer é poder

Atualizado em 24 de outubro de 2008
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“Querer é poder”. Esta é a frase estampada na página de entrada do site oficial do espanhol Alberto Contador. Campeão do Tour de France, em 2007, e do Giro d´Italia e da Vuelta a España, em 2008, o ciclista agora faz parte de um seleto grupo de apenas cinco atletas que venceram as três grandes voltas, escreveu seu nome na história ao lado dos lendários Eddy Merckx, Jacques Anquetil, Bernard Hinault e Felice Gimondi, e demonstra cada vez mais que realmente pode conquistar tudo o que deseja.

Depois de passar os últimos tempos preocupado com o retorno de Lance Armstrong e exigir garantias para continuar na Astana ao lado do norte-americano, Alberto Contador já não se incomoda tanto com a presença do heptacampeão do Tour de France, e planeja o que “quer” para a próxima temporada.

Quais são os seus planos para a próxima temporada?
Alberto Contador –
Analisei as diferentes situações e alternativas que surgiram desde a Vuelta a España. Depois de me reunir com Johan Bruyneel e falar sobre o que aconteceu nos últimos meses, eliminamos qualquer tipo de tensão entre nós. Já decidimos meu calendário para a próxima temporada e posso afirmar que em 2009 continuarei na Astana. Acredito que esta seja a decisão mais certa, pois conto com um grande grupo e tenho homens de confiança ao meu redor para lutar pelas vitórias.

Você recebeu as garantias que queria sobre o retorno de Lance Armstrong?
AC –
Acredito que tudo vai se desenrolar muito melhor do que parecia no início. Se cada um fizer seu calendário, não existirá nenhum tipo de inconveniente. Para mim, é um prazer dividir a mesma equipe com um atleta que sempre admirei. Sou ambicioso e pensei que poderíamos ter certos problemas quando disseram que Armstrong queria ganhar o Tour. Acho que seria muito complicada uma coexistência, mas com a boa organização da Astana não haverá nenhum problema na França. Quanto ao resto do ano, não vejo nenhum inconveniente.

Já sabe quando correrá junto com Armstrong?
AC –
Já fechamos nossos calendários. Conversei com Johan e vou fazer um cronograma muito parecido com o de 2007. Teremos uma concentração em janeiro, na Califórnia, e lá verei Armstrong. Minha primeira prova deve ser em Valência, depois seguirei para a Paris-Nice, que me agrada muito. É quase certo que correrei em Castilha, Leon e no País Basco, mas esta última ainda preciso ver como será minha recuperação, pois pode ser um pouco comprido este primeiro bloco de competições. A partir daí, traçaremos os planos futuros.

Já é certo que você disputará apenas uma prova de três semanas?
AC –
Ainda não posso afirmar isso com total segurança, mas minha idéia é correr apenas o Tour, porque este ano foi difícil me recuperar do esforço exigido no Giro e na Vuelta. Na minha idade, é melhor disputar só uma grande prova e não castigar muito o corpo.

Você falou com Armstrong sobre os planos na próxima temporada?
AC –
Temos marcada uma concentração em Tenerife, no final de novembro. Lá falaremos com nossos diretores para evitar qualquer tipo de polêmica. Até agora, houve muita especulação, e isto é até compreensível. Seremos companheiros e não existirá nenhum tipo de tensão da minha parte.

Como você vê a presença de Lance no Giro d´Italia?
AC –
Acho que ele tomou uma boa decisão. Corri o Giro este ano e é uma prova muito luxuosa. Tive a sorte de ir para a Itália por algumas circunstâncias que não me agradaram, mas isso me deu a oportunidade de desfrutar do fanatismo italiano e creio que Lance também sentirá isso. O Giro deseja a presença de Armstrong, e ele engrandece qualquer competição que participa. Creio que ele estará muito contente na Itália e terá chances de vitória. Não sei se é o favorito número um, mas jogaria nele se tivesse que apostar em algum lugar.

Alberto Contador e Lance Armstrong podem disputar o Tour de France juntos sem maiores problemas?
AC –
Primeiro temos que ver como será a primeira parte da temporada, mas, se a equipe se organizar bem, chegaremos motivados e com uma relação melhor. A incompatibilidade entre nós não é tão grande como foi plantada no início. É verdade que eu gostaria de tentar a vitória, mas não acho que vai existir nenhum problema.

E como você vê o possível retorno de Alexander Vinokourov?
AC –
Esta é uma possibilidade que está criando muito problema, mas ainda é cedo para falar sobre isso. O melhor é esperar que a UCI decida sobre o assunto. Quando dividíamos a mesma equipe, tínhamos uma boa relação e não vejo nenhum problema. Mas acho que seu retorno pode trazer alguns inconvenientes para a Astana.

O que você acha da formação da Astana para 2009?
AC –
A Astana é a equipe mais forte do mundo para disputar as grandes voltas. Armstrong vai acrescentar muito no Giro e nos trará todo sua experiência. Nunca é demais aprender como se controla uma prova. Não podemos esquecer de [Levi] Leipheimer e [Andreas] Klöden. Quando alguém vê a Astana na largada de uma competição logo pensa: “Meu Deus, que grande equipe!”. Tínhamos um grupo de corredores que sabe fazer seu trabalho maravilhosamente, e agora chegaram reforços, como Haimar Zubeldia, com quem já conversei e está muito esperançoso. Ele sabe que deve estar no Tour e fará um papel importante. Também chegaram alguns jovens, como Jesus Hernandez, que pode evoluir muito.

*A Revista VO2 do mês de outubro trás um exclusivo pôster duplo com o espanhol Alberto Contador e o norte-americano Lance Armstrong.