Pronto para voltar a brilhar

Atualizado em 03 de fevereiro de 2009
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Por Cesar Candido dos Santos

Franck Caldeira mostrou desde cedo ser muito rápido. Com apenas 19 anos, o mineiro de Sete Lagoas despontou como um dos principais nomes do atletismo nacional ao ser o segundo melhor brasileiro na Meia-Maratona do Rio de Janeiro, em 2002.

Após isso, o corredor, que atualmente defende a equipe do Cruzeiro, não parou de colecionar grandes vitórias, entre eles a medalha de ouro na maratona dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, o tricampeonato na Volta da Pampulha, o bi na Meia-Maratona do Rio e o título da São Silvestre.

Em 2008, ele foi um dos representantes do país na maratona da Olimpíada de Pequim, mas não conseguiu repetir o sucesso dos anos anteriores. Neste bate-papo com o O2 Por Minuto, o atleta explica o que o atrapalhou na temporada e revela estar focado para voltar a ser rápido como antes e brilhar nas principais provas do calendário nacional.

O2 Por Minuto – Em 2008, você não conseguiu resultados tão bons como nas temporadas anteriores, o que aconteceu?
Franck Caldeira –
No ano passado, tive alguns problemas relacionados ao ciclo olímpico. A pressão psicológica e a cobrança para participar deste tipo de competição são muito grandes. Como as coisas não saíram como eu queria, fiquei um pouco frustrado e sem motivação para retornar aos treinos após a disputa na China.

O2 Por Minuto – Isto atrapalhou seu desempenho na Volta da Pampulha e na São Silvestre?
FC –
Sim. Como a Olimpíada terminou quase em setembro, fiquei sem tempo de realizar a preparação adequada para estas provas. No final do ano ainda consegui melhorar e conquistei o terceiro lugar na Pampulha. Já a São Silvestre foi uma prova muito forte com os quenianos ditando o ritmo.

O2 Por Minuto – O fato de você ter trabalhado com dois treinadores no ano passado também prejudicou seu desempenho?
FC –
Sem dúvida. O Henrique Viana e o Alexandre Minardi possuem estilos e filosofias diferentes. Além disso, existia uma rixa pessoal entre eles. Eram duas cabeças pensando de maneiras contrárias para treinar o mesmo atleta. Eu ficava no meio de tudo isso e acabei sendo afetado. Mas esta questão técnica já foi resolvida quando renovei meu contrato com o Cruzeiro. Uma das exigências do clube é que eu trabalhe apenas com o Alexandre, aqui em Belo Horizonte, e isto no momento é o melhor para mim.

O2 Por Minuto – Quais são os seus principais objetivos para 2009?
FC –
Este ano pretendo voltar a ser o Franck rápido de antigamente, e mostrar que tenho chance de me recuperar. Vou focar nas distâncias mais curtas no primeiro semestre e na disputa da Pampulha e da São Silvestre no final do ano.

O2 Por Minuto – E qual prova será sua prioridade neste primeiro semestre?
FC –
Meu principal foco agora é a Meia-Maratona de São Paulo, no dia 8 de março. Acredito que até lá vou estar pronto para lutar por um bom resultado.

O2 Por Minuto – Você disse que priorizará as provas mais curtas. Não está nos seus planos disputar maratonas este ano?
FC –
Talvez participe da Maratona de São Paulo, mas apenas com o objetivo de ditar o ritmo da prova, sem a intenção de lutar por tempo ou resultados. Quero ganhar as provas curtas para fazer meu nome aqui no Brasil. Somente daqui uns três anos pretendo voltar a competir em distâncias mais longas, pois estarei mais experiente e adaptado para este tipo de disputa.

O2 Por Minuto – Então você não pretende disputar a maratona nos Jogos de Londres?
FC –
Não está nos meus planos disputar a maratona na Olimpíada de Londres. Talvez participe do Pan-Americano para defender a medalha de ouro. Só vou pensar em maratonas em 2012, quando planejo fazer minha estréia em Nova York. Esta é uma prova que tenho vontade de competir por sua tradição e importância. Mas agora vou tirar as maratonas do meu calendário. Estou classificado para o Mundial de Berlim, mas posso até descartar participar desta competição.

O2 Por Minuto – Como você vê a medida da Confederação Brasileira de Atletismo que limita a participação dos estrangeiros nas provas do Brasil?
FC –
Acho que foi uma decisão justa com brasileiros e africanos. Não podemos excluir os estrangeiros de uma vez, mas o problema é que tinham muitos atletas de fora competindo no Brasil e isto estava desmotivando os atletas daqui. A limitação que foi feita é o mais correto.

O2 Por Minuto – Mas esta medida não pode fazer com que o nível das provas caia e elas percam visibilidade?
FC –
Acredito que não, pois os africanos não foram completamente excluídos. A decisão foi correta. Em algumas provas tínhamos que enfrentar até 16 quenianos, isto atrapalha, pois eles correm sem pressão nenhuma da torcida para obter resultados. Alguns críticos chegaram a dizer que os atletas brasileiros, inclusive eu, estavam com medo dos africanos e por isso não treinavam. Isto é algo não existe, somos profissionais e corremos por amor e porque precisamos disto para sobreviver.