Por que sentimos mais fome no frio?

Atualizado em 09 de setembro de 2008
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É natural sentir mais fome no inverno do que nos dias quentes. Basta notar como naturalmente substituímos no cardápio os alimentos leves – como saladas e grelhados – por massas, fondues, sopas, cremes e doces. Como conseqüência, além de ganhar peso, vem a preguiça e a diminuição na freqüência dos treinamentos, como numa reação em cadeia.

Mas por que isso acontece? Como nosso corpo reage e funciona frente às alterações climáticas e como podemos prevenir conseqüências indesejáveis e trabalhar sempre pela melhora no rendimento e bem-estar?

De acordo com dados médicos oficiais, o corpo humano é homeotérmico, ou seja, possui temperatura interna estável. Por meio do controle das taxas metabólicas, é possível equilibrar os níveis internos de temperatura de acordo com o ambiente externo. Em termos mais simples, esse controle impede que nosso corpo “congele” quando os dias estão mais frios ou que “ferva” na época do verão.

Estabilidade, no entanto, não significa perfeição. Nosso organismo é capaz de adaptar a própria temperatura ao clima, mas não é capaz de fazer isso sozinho, sem o apoio de elementos externos que garantem a energia a ser trabalhada e aceleram o metabolismo. Esses fatores estão associados tanto ao tipo de alimentação que adotamos quanto às atividades físicas que praticamos, de acordo com cada época do ano.

“O alimento funciona como a lenha que vai servir de combustível para manter nosso corpo aquecido”, exemplifica Henrique Suplicy, médico endocrinologista e presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). Ele também explica que o gasto energético diário está dividido em 60% de metabolismo basal, ou seja, o funcionamento “convencional” dos órgãos humanos; 30% é gasto com atividades físicas simples – como locomoção, fala e até respiração – e os outros 10% perdem-se com a termogênese: a manutenção da temperatura natural do organismo, que se dá também pela ingestão de alimentos.

“Para manter o corpo aquecido no inverno é preciso comer mais. Alguém que vive no Pólo Norte precisa consumir mais calorias do que alguém que está no Rio de Janeiro. Só assim a temperatura corporal adapta-se às condições do clima”, finaliza Henrique Suplicy.

Outro fator importante citado por especialistas é a necessidade de proteger, com o consumo calórico, os órgãos internos quando a temperatura externa cai. É a quantidade de energia ingerida que determina a espessura da capa de gordura que vai proteger os órgãos vitais. E no inverno, ela precisa ser maior.

Do ponto de vista nutricional, a necessidade de o organismo produzir energia para se manter aquecido também é uma máxima e está associada tanto aos fatores fisiológicos quanto à mera sensação de que precisamos comer mais.

“No frio, a sensação de fome parece ser maior, porque o nosso organismo gasta mais energia para produzir calor e manter a temperatura alta. Embora o corpo tente preservar a gordura guardada – porque ela atua como isolante térmico – os estoques de glicogênio (armazenamento de carboidrato) se esgotam mais rapidamente”, explica Gabriella Guerrero, nutricionista funcional da Nutriessencial Consultoria.

Como comer
Algumas dicas para atender às necessidades naturais do organismo sem exagerar no consumo exagerado e desnecessário de calorias é a substituição de alimentos. Trocar as saladas pelas sopas é uma boa opção. Ao escolher ingredientes como legumes e grãos, garante-se a ingestão de vitaminas importantes sem pecar no excesso de gordura.

“No inverno é bom optar por receitas caseiras e evitar o consumo de alimentos industrializados, como sopas e a junkie food. Os condimentos e ingredientes naturais garantem o ganho nutricional e os pratos quentes proporcionam maior saciedade e alimentam, além de esquentar”, explica a nutricionista Tatiana Matuk, da Globalnutri Assessoria e Consultoria.

Quanto aos doces, também é possível fazes alterações sem perder no prazer. “Troque o chocolate quente convencional pelo preparado com leite desnatado e chocolate light”, recomenda Gabriella Guerrero. “Para a sobremesa, experimente aquecer frutas como maça, pêra e banana por 20 a 30 segundos no forno de microondas e polvilhe, após o preparo, canela em pó, ingrediente muito digestivo e antioxidante”, sugere.

Cuidar da alimentação ainda é a melhor maneira de manter o bom funcionamento do organismo, comendo bem e passando o inverno sem sofrimento. Aliando estes cuidados à atividade física constante, tanto a saúde quanto a boa forma estarão garantidas quando a estação verão chegar.