Por Sara Puerta

O clima esquentou. E vai continuar esquentando. Segundo o último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima), da ONU (Organização das Nações Unidas), a temperatura média atual da Terra está em 14,5ºC, contra 13,78ºC que marcava em 1905.

De onde veio esse aumento de quase 1ºC dos últimos cem anos? Da queima de combustíveis fósseis (carvão e petróleo) em atividades industriais, no uso de automóveis, no desmatamento e em atividades na agricultura, que emitem CO2 (gás carbônico), CH4 (metano) e N2O (óxido nitroso).

Caso a emissão desses gases aumente, principalmente a de CO2, que existe em maior quantidade, chegaremos ao ano de 2040 com 15ºC, ou seja, com conseqüências desastrosas para o planeta como secas, inundações e furacões intensos. Se a emissão for mantida estável, o aumento ainda será de 0,1ºC a cada década, mas deve estabilizar depois de cem anos.

Como a economia mundial não dá sinais de parada, a neutralização do carbono por meio de plantio de árvores é uma das medidas mais acessíveis e eficientes que a humanidade pode tomar. “Uma árvore durante a vida é capaz de reverter uma tonelada de gás carbônico em oxigênio, melhorar a qualidade do ar e da água e ainda recuperar as florestas”, explica Carlos Rittl, coordenador da campanha de mudanças climáticas do Greenpeace.

“Como as pessoas e empresas já sentem as mudanças climáticas na pele e no bolso, cada vez mais partem para a ação”, avalia.

“A redução na emissão com mudanças de hábitos associada ao plantio de árvores é o ideal para chegarmos em 2050 com a redução pela metade da emissão de gás carbônico e suspender o processo de aquecimento da Terra.”

Na ONG brasileira Green Initiative, que promove o plantio de árvores em parceria com empresas e organizadores de eventos, a Mata Atlântica foi o local escolhido para plantar as mudas, com a intenção de recuperar a biodiversidade e a qualidade das águas da região. “Temos pela frente o reflorestamento de um milhão de hectares”, contabiliza Osvaldo Stella, diretor da ONG, que comemora o dobro de procura no plantio de árvores em relação ao final de 2006.

Para Adauto Basílio, diretor da Fundação SOS Mata Atlântica, o plantio de árvores é uma medida barata e acessível. “É simples, lúdica e a captação do carbono é visível, já que 50% do tamanho de uma árvore corresponde ao carbono absorvido.”

“A medida de neutralização começou na década passada e, há cerca de três anos, não pára de crescer como medida eficaz para preservação ambiental”, acrescenta.

Créditos que revertem o aquecimento
Para obtermos melhoras contra o aquecimento global, é necessário que as indústrias mudem suas tecnologias para diminuir as emissões dos gases de efeito estufa. Mas, essa transformação requer consciência dos empresários, tempo e dinheiro.

Por isso, foi criado o crédito de carbono, para dar conta das metas do protocolo de Kyoto, que estipula uma redução de 5,2% da poluição dos países desenvolvidos entre os anos de 2008 a 2012.

As empresas que extrapolarem as emissões devem comprar créditos, investimentos revertidos, Mecanismos de Desenvolvimento Limpo, que vão desde o plantio de árvore até a substituição por tecnologias menos poluidoras, como o uso do biodiesel.

Para Emílio La Rovere, coordenador do Centro Clima COPPE (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), os créditos representam um desenvolvimento da responsabilidade ambiental. “Esse é um grande passo que se dá para reverter o aquecimento da Terra, pois atinge o sistema de produção das indústrias, que são os maiores emissores de gases que provocam o efeito estufa”.

O coordenador acrescenta que, para complementar, os governos devem criar estímulos como benefícios e redução de impostos para quem emitir menos carbono, consumir menos energia e utilizar menos recursos não-renováveis. “Essa é uma forma de não esgotar os projetos ambientais das empresas.”

Calcule sua emissão de carbono
www.thegreeninitiative.com/calculator/pt/calculator.phpp
www.carbononeutro.com.br

ALÉM DE PLANTAR ÁRVORE…
Para reduzir até 500 kg ao ano de emissão de CO2:

:: Fazer manutenção do veículo: Um motor malcuidado pode consumir 50% a mais de combustível e conseqüentemente produzir 50% mais CO2.

:: Separar o lixo e fazer reciclagem: Todo o material que é reciclado representa uma diminuição das emissões de gases que provocam efeito estufa, além de gerar renda para os catadores de recicláveis.

Para reduzir mais de 500 kg:

:: Dar preferência por veículos movidos a álcool ou bicombustíveis: O álcool, ao contrário de gasolina e diesel, é uma fonte de energia renovável. A mesma quantidade de CO2 emitido da queima do álcool nos motores é fixada nas plantações de cana de açúcar.

:: Reduzir em pelo menos 10% o uso do carro: Utilize transporte público, bicicleta, andar ou trabalhe em casa um dia da semana.

Fonte: ONG Green Initiative