Pellizotti critica medidas adotadas no doping

Atualizado em 09 de novembro de 2010
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Por Tadeu Matsunaga

O italiano Franco Pellizotti fez duras criticas aquilo que ele vê como um padrão de comportamento distinto entre ciclistas e jogadores de futebol, em relação ao exame antidoping na Itália.

O ciclista da Liquigas foi flagrado após alterações em seu passaporte biológico, aumentando os indícios do uso de substâncias proibidas e, ficando assim, fora do Giro d´Italia 2010 em maio. Entretanto, uma reviravolta e o suporte do CONI (Comitê Olímpico Nacional Italiano) fizeram o atleta ser liberado para as competições no último mês de outubro.

“Quando eu falei com procurador do CONI, Ettore Torri, ele disse: para mim, você poderia ter ido para o Giro ‘”, disse Pellizotti, em entrevista ao Cycling News. “Mas ele foi o mesmo homem que resolver os problemas de Fabio Cannavaro, quando seu caso de doping explodiu. Eu não tinha amigos influentes, então eu tive que esperar seis meses antes que a verdade fosse estabelecida”, referindo-se a situação enfrentada pelo ex-capitão da seleção italiana e da Juventus.

Outro que também acabou em situação embaraçosa foi o volante Gennaro Gattuso, do Milan. Em 2005, o jogador rejeitou realizar o exame após o clássico com o Roma.

“Quando Gattuso disse que não queria fazer o exame de sangue, todo mundo ficou quieto”, queixou-se Pellizotti. “Se um ciclista diz isso, imediatamente será considerado dopado. É um padrão distinto adotado”.

Pellizotti coloca altitude como responsável por alterações no passaporte biológico

Pellizotti não esqueceu o episódio do passaporte biológico e insistiu que as alterações registradas nele foram por conta de treinos na altitude, e não por uma manipulação em seu sangue. Primeiramente suspenso do ciclismo por dois anos, o italiano teve sua pena revogada por falta de provas.

“Paradoxalmente, uma das razões para tamanha confusão foi o fato de ter os valores de sangue perfeitamente normais ao longo da minha carreira”, afirmou Pellizotti. “Mas, nesse período, eu passei muito tempo na altitude, a dois mil metros, para preparar bem para a temporada e por isso as variações fisiológicas se manifestaram.”

O jornal “Gazzetta dello Sport” informou que durante o “Caso Pellizotti em três ocasiões distintas os valores de amostra do ciclista pareceram suspeitos: em Treviso, no dia 12 de dezembro de 2008, em Tenerife, no dia 15 de abril de 2009, e em Mónaco , no dia 02 de julho de 2009, antes do Tour de France.