Para fazer história em Pequim

Atualizado em 16 de maio de 2008
Mais em

Por: Cesar Candido dos Santos

Medalha de bronze no Pan-americano do Rio de Janeiro e pentacampeão brasileiro de triatlhon, o paranaense Juraci Moreira é uma das esperanças do Brasil em Pequim. Ele pode entrar para um seleto grupo de apenas nove triatletas em todo o mundo que irão participar de três olimpíadas consecutivas desde que a modalidade passou a ser disputada em Sidney, no ano de 2000.

Uma lesão na panturrilha no início desse ano atrapalhou os planos do brasileiro, que ainda não garantiu sua vaga para os Jogos da China, mas deve confirma-lá na etapa da Espanha da Copa do Mundo de Triatlhon, que será disputada no próximo dia 21 de maio.

Em uma entrevista concedida ao Prólogo, o atleta conta quais são as suas perspectivas para as Olímpiadas, fala sobre a possibilidade de atingir uma marca tão importante na carreira e não esconde a vontade de querer “carimbar” logo seu passaporte para Pequim.

Prólogo: Como despertou seu interesse pelo triatlhon?
Juraci Moreira:
Comecei a fazer natação com 9 anos. No local que eu nadava, haviam alguns atletas que treinavam triatlhon, e me interessei pelo esporte. Aos 13, disputei uma prova de duatlhon, fui muito bem e comecei a gostar da coisa. No ano seguinte, participei do meu primeiro Troféu Brasil de Triatlhon, escondido do meu treinador, e nunca mais parei de competir.

Prólogo: Já dá para garantir a vaga em Pequim na Copa do Mundo da Espanha?
JM:
O meu principal objetivo é esse. Gosto muito da prova na Espanha, porque lá não é tão frio. Como faltam apenas duas etapas para fechar o ranking olímpico, dá para se ter uma idéia do que vai acontecer. O meu principal adversário é o húngaro Csaba Kuttor, e ele tem que fazer 90 pontos a mais para tomar minha vaga. Se não estiver tão bem na Espanha, mudo meu objetivo e passo a marcá-lo.

Prólogo: O fato de poder se tornar um dos nove atletas do mundo a disputar todas as provas olímpicas do triatlhon é uma motivação extra?
JM:
Com certeza. Gosto muito desses números porque isso incentiva. O triatlhon está cada dia mais competitivo e poucos irão conseguir disputar três olimpíadas seguidas, por isso, é uma marca histórica. Quero tentar ir para a quarta olimpíada, é algo possível pela minha idade, mas vai depender muito da disposição nos treinamentos até lá.

Prólogo: Você chegou a pensar que não iria para Pequim quando sofreu a lesão na panturrilha?
JM:
Na verdade, até o Pan-americano do México (disputado em 19 de abril), estava com medo, porque nada tem sido fácil para mim. Tive uma lesão séria no começo do ano, mas nunca desisti, e consegui alcançar meu objetivo, que era não chegar às últimas provas pressionado. Antes, só conseguia dormir quatro horas, agora já durmo oito, mas só vou ficar tranqüilo mesmo quando garantir minha vaga.

Prólogo: Quais são suas chances de conseguir uma medalha nas Olimpíadas?
JM:
Vou treinar para isso. Farei um trabalho na França com o Francês Benjamin Sansson, que é especialista em natação e corrida. Sei que preciso chegar bem na corrida para ter chances de brigar por uma medalha, e tenho condições para isso.

Prólogo: Após conquistar a medalha de bronze no Pan do Rio, você declarou que poderia ter obtido um resultado melhor se o Brasil fizesse um trabalho de equipe. Esta tática deve ser a adotada pelos brasileiros em Pequim? Ou nas olimpíadas é cada um por si?
JM:
Olimpíada é pior. Não existe uma tática. O próprio sistema de classificação não permite um jogo de equipe. Do Brasil, só vai eu e o Reinaldo (Colucci), e ele será meu adversário direto. É claro que ele não vai fazer nada para me atrapalhar, mas não existe essa de ajuda. Seremos concorrentes.