“Operação Porto” arquivada

Atualizado em 12 de março de 2007
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O juiz encarregado das investigações da “Operação Porto”, Antonio Serrano, decidiu arquivar o caso alegando não haver atentado contra a saúde pública. Portanto, nomes como Eufemiano Fuentes, Manuel Sáiz ou Vicente Belda, denunciados no caso “não são constituivos de infração criminal.”

Serrano aponta que houve infração a regras desportivas, mas não havia uma lei na Espanha, quando se iniciaram as investigações, penalizando condutas relacionadas ao doping. A recente Lei de Proteção à Saúde e da Luta contra o Doping não tem efeito retroativo.

Quanto às bolsas de sangue encontradas, o juiz considera que não houve risco contra a saúde “O sangue encontrado, (…) teria apenas um receptor — mesmo sangue para mesma pessoa, não tendo, portanto, o potencial risco que poderia causar algum outro medicamento.”

O juiz indica também que o Instituto Nacional de Toxicologia e Ciências da Espanha não considerou prejudicial à saúde o nível de eritropoietina (EPO), encontrado nas bolsas de sangues. “A quantidade existente nas bolsas não seria suficiente para provocar efeitos prejudicais. As doses empregadas nos pacientes que precisam da EPO são muito maiores.”

O comunicado do juizado reproduz ainda outra resposta do Instituto de Nacional Toxicologia, afirmando que a administração do plasma encontrado “provavelmente não teria efeito algum em pessoas que não necessitam da substância para fins terapêuticos.”

Serrano conclui a nota oficial com uma reflexão a respeito da ética. O “jogo limpo”, como menciona o juiz, “é, mais que um comportamento, um modo de viver e se estende à luta contra trapaças, contra a arte de enganar, contra a violência física ou verbal e à corrupção.”

“Ser desportista exige uma atitude ética correta e ajustada a princípios, assim como respeito às regras”, completa o juiz depois de afirmar: “o esporte se converteu em um ramo comercial, no qual abre-se mão de tudo por maior rentabilidade.”

ATRASO NA PARIS-NICE

Os ciclistas participantes da Paris-Nice resolveram realizar um minuto de silêncio na largada da 1ªetapa, nesta segunda-feira, como protesto pelo encerramento da “Operação Porto”. “Esta ação simbólica sinaliza que as equipes e os atletas não se esquecerão do caso, tendo em vista que todas as esquadras firmaram um código de conduta”, anunciou a associação das equipes em um comunicado.

“Pedimos ao juiz encarregado do caso que fizesse justiça. O ciclismo sofreu demais nesses oito meses do episódio”, completa.

DEZ MESES DE INDEFINIÇÃO

A “Operação Porto” se iniciou no dia 23 de maio do ano passado quando cinco pessoas foram detidas pela Guarda Civil espanhola e, fruto das investigações, denunciavam o envolvimento de Fuentes, Sáiz, Belda, Labarta, entre outros.

Prejudicando uma série de ciclistas, inclusive o alemão Jan Ulrrich, que anunciou recentemente sua aposentadoria, extinguindo as equipes Liberty Seguros e Comunidad Valenciana, o episódio foi responsável até mesmo pela ausência de atletas como Ivan Basso, o próprio Ullrich e o cazaque Alexandre Vinokourov do Tour de France do ano passado.