O Pan surpreende

Atualizado em 14 de julho de 2007
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Por Leandro Bittar

A idéia de acompanhar os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro sempre trouxe com ela a sensação de que tudo poderia acontecer. Nossa primeira cobertura, por exemplo, o Mountain Bike, correu o risco de ser adiada em função da chuva.

Porém, ao chegar à Cidade Maravilhosa, a boa impressão deixada pela cerimônia de abertura parece que contagiou o povo carioca e encheu as ruas da cidade de bom humor e alegria. O irretocável cenário da cidade e o belo dia de sol apenas contribuíram ainda mais para isso.

No Morro do Outeiro, palco do Mountain Bike – e também do BMX – a coisa não foi diferente. A motivação com o evento era visível no rosto de todos o público.

Isso não quer dizer que tudo tenha sido perfeito. A lama que seria apenas dos atletas fez parte do dia do público e dos jornalistas. E algumas pessoas que compraram ingressos para assistir a prova sentadas tiveram que brigar muito para sentar na área dedica apenas à imprensa, já que para eles não havia lugar.

A maioria nem se incomodou com isso e escalou as trilhas do Outeiro para acompanhar de pertinho os brasileiros Jaqueline Mourão, Ricardo Pscheidt e Rubens Donizete – este último com uma animada e uniformizada torcida.

O percurso era muito interessante, apesar de algumas críticas dos brasileiros por um excesso de trechos planos, o que favorecia os ciclistas menos técnicos.

Foi o que aconteceu com a mineira Jaqueline Mourão. Ela aproximava-se sempre da mexicana terceira colocada nas subidas, mas no plano a diferença crescia novamente. “Foi uma pena esse traçado. Ganhei dessa menina cinco vezes pelo circuito da Copa do Mundo, mas aqui não deu”, diz Mourão.

A verdade é que mesmo no cruel quarto lugar, a brasileira teve uma recepção calorosa do público presente e em alguns momentos parecia ter sido a grande vencedora, enquanto a canadense Catharine Prendel, campeã da prova, circulava quase anônima.”É muito cruel mesmo. Frustrante. Mas sei do meu esforço e sei que a minha parte eu fiz”, diz a quarta colocada.

A medalha que escapou no feminino parecia certa desde o início da prova masculina. Rubinho Donizete, que conquistou a vaga no último minuto, deixou claro o porque de sua insistência por um lugar na seleção brasileira. O biker esteve à caça do americano Adam Craig, primeiro colocado, durante toda a prova e abriu uma grande diferença para o grupo de cinco atletas que brigavam pelo terceiro lugar. Infelizmente, o ouro não veio, mas a prata foi uma grande vitória para o jovem atleta.

Na coletiva, Rubinho dedicou a vitória ao companheiro de equipe Ricardo Pscheidt, que lutou até o fim pela medalha de bronze e, mais do que isso, impediu qualquer tentativa dos adversários em se aproximar. Pscheidt, que sofreu uma fechada na última volta, comemorou o feito do companheiro. “Fico muito feliz. Essa medalha é importante para o Brasil. Poderia ter sido prata e bronze. Cheguei muito perto e perder a disputa na última volta é chato demais. Mas são coisas do esporte”, disse o catarinense, que terminou na quinta colocação.

O pensamento dos mountain bikers já está focado em Pequim. O masculino já tem uma vaga, o feminino ainda tem que pontuar para se mante entre as melhores 18 seleções do mundo, até o dia 31 de dezembro. A contagem regressiva já começou.

Curtas do Pan
Impressionante o número de pessoas na organização e a capacidade delas em não saber dar uma informação sequer. Alguns veículos já chamam o evento de “Pan do Não Sei”.

A simpatia dos estrangeiros que conquistaram medalhas surpreendeu. Pareciam todos muito felizes de estar no Brasil. Além, é claro, da sensação de dever cumprido.

A organização do Pan-americano, desde o primeiro dia, não se mostra perfeita. Mas também passa longe do caos que foi anunciado. Todos as estruturas impressionam pela beleza e contagiam o público.