O Grilo Vencedor

Atualizado em 13 de abril de 2007
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Da bicicleta encontrada no lixo ao título mundial passaram-se 25 anos. Neste um quarto de século, Paolo Bettini venceu praticamente tudo o que um ciclista com suas características pode sonhar. Bicampeão italiano e das clássicas Liège-Bastogne-Liège, Volta da Lombardia e San Sebastián. Venceu também a Milão-São Remo, a Volta do Mediterrâneo, a Tirreno- Adriático e a Clássica de Hamburgo.

Nas grandes voltas, acumulou vitórias no Tour de France, Vuelta a España e Giro d’Italia, em que duas vezes foi o campeão por pontos. Conquistou o ouro olímpico em Atenas 2004 e é o único ciclista a ter vencido a extinta Copa do Mundo em três temporadas consecutivas. Coroou a carreira brilhante com a conquista do Campeonato Mundial, em setembro, em Salzburgo (Áustria).

Leia trechos da entrevista publicada na edição 14 da revista VO2:

VO2:Como começou a sua paixão pelo ciclismo?
Quando eu era pequeno sempre assistia com minha família às corridas do meu irmão Sauro, que era ciclista. Depois, quando eu tinha sete anos, meu pai achou uma bicicleta do meu tamanho no lixo… Ele reformou a pequena bicicleta para mim, nós a pintamos de vermelho e assim começou a minha aventura no ciclismo.

VO2: Quem foi o seu primeiro ídolo no ciclismo?
Meu primeiro ídolo foi Giuseppe Saronni. Quando eu tinha oito anos e
Saronni venceu o campeonato mundial em Goodwood, no Reino Unido, eu estava participando de uma corrida. Entre uma bateria e outra a competição parou para todos assistirem ao final da prova. Eu fui com meu pai a um bar que tinha uma TV e lá vimos Saronni vencendo. A partir daquele dia ele virou o meu ponto de referência, o meu grande ídolo.

“CONQUISTAR O BICAMPEONATO NA LOMBARDIA VESTINDO A CAMISA DE CAMPEÃO DO MUNDO E HOMENAGEAR MEU IRMÃO FOI EXTRAORDINÁRIO”

VO2: Como foi que surgiu o famoso apelido de “Grilo”?
A primeira pessoa a me chamar de grilo foi a ciclista italiana Fabiana Luperini (campeã do Tour e do Giro em 1995 e 1997), que corria comigo quando éramos jovens. Nas provas para menores, homens e mulheres competem juntos e, em uma destas competições, ela viu uma de minhas fugas e me batizou. Depois, um jornalista da Toscana gostou do apelido e o estampou no jornal. Assim nasceu o “Grilo”. Eu, particularmente, gosto bastante.

(…)

VO2: Como nasceu a idéia de usar o capacete dourado?
Quando eu conquistei a Olimpíada, percebi que não existia uma camisa que identificasse o campeão de uma prova tão importante. Criei o capacete para que todos pudessem lembrar do meu feito e me destacar dos demais nas estradas. Depois ganhei um guidão e as sapatilhas douradas. Pensei: se não posso ter uma camisa de campeão olímpico, pelo menos, todos lembrarão da minha conquista ao verem o capacete, a sapatilha e a bicicleta.

VO2: Depois de tantos títulos, o que mais você sonha vencer?
A Volta de Flandres com a camisa de Campeão Mundial.

(…)

VO2: Você conquistou muito neste ano, mas o Alejandro Valverde foi o campeão Pro Tour. Quem foi o melhor ciclista da temporada?
Acho que não cabe a nós ciclistas definir quem foi o melhor. Eu penso que tive um ano brilhante: Campeão Italiano e Mundial. Campeão por pontos do Giro d’Italia, no qual conquistei uma etapa. Também venci uma etapa na Vuelta a España, venci duas etapas da Tirreno-Adriático e outras provas do circuito.