Nem sempre elas são o sexo frágil

Atualizado em 11 de janeiro de 2011
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Por Fernanda Silva

Muitos fatores podem diferenciar os tipos dos treinos masculinos e femininos na hora da corrida. Um dos principais são as diferenças físicas entre ambos. A força e velocidade predominam na maior parte dos homens, enquanto resistência e disciplina estão presentes na maioria das mulheres. Mas, claro, existem sempre as exceções. Para explicar melhor, a diretora técnica da Personal Life, Camila Hirsch, fala sobre as principais características que diferenciam os treinos das mulheres.

“Como a mulher tem um quadril mais largo do que o dos homens, os exercícios educativos, aqueles feitos antes da corrida no início dos treinos, têm que ser elaborado para cada uma, pois nas mulheres as chances de lesão nesta região são maiores. Então elas devem se acostumar com essas diferenças desde o começo. A perda de massa magra também ocorre mais rapidamente do que nos homens, geralmente a partir dos 35 anos, por isso elas devem focar em ganhar massa magra, uma boa dica é a musculação. A osteoporose também é um fator que as mulheres devem tomar cuidado, pois a incidência nas mulheres é maior do que no sexo masculino”, diz.

Por isso, focar no ganho de força também é importante. “A mulher está se conscientizando melhor sobre o ganho de força física e prevenção dos músculos, como fazer musculação. A indisciplina no homem é maior, eles querem fazer mais do que você pede e acabam se machucando, já as mulheres são mais cautelosas. Outra característica que também vejo muito é que a mulher tende a ser mais conservadora e mais resistente, quando elas têm um treino mais longo começam devagar e aumentam o ritmo no final, controlam melhor o treino”, revela Kim Cordeiro, diretor técnico da BK Sports.

Portanto, igualar os treinamentos entre homens e mulheres não é errado, mas devem ser todos focados no corredor de acordo com seu histórico e seu nível físico. “O treino tem que ser igual, mas os fatores físicos sempre devem ser levados em conta. O nível em que o atleta está e até mesmo a parte emocional da pessoa naquele momento são importantes. O que é leve é leve, moderado é moderado e forte é forte, todos os atletas, mulheres ou homens, têm que respeitar a intensidade de cada treino, dentro das proporções de cada corredor”, completa.

Hormônios
Outra característica muito importante é relacionada aos hormônios. Muitas vezes são eles os responsáveis pelas alterações físicas e psicológicas da mulher, deixando as atletas em certa desvantagem em relação ao sexo oposto. “Como treinador tento prestar bastante atenção no modo de falar e agir com minhas alunas nos dias em que elas estão mais sensíveis e emotivas. Muitas mulheres que têm TPM acabam ficando um pouco mais estressadas e sem rendimento nesses dias, outras melhoram sua performance e algumas pioram, é bem relativo”, fala Cordeiro.

“Descobrir se a mulher tem TPM e como ela fica nesse período – no qual geralmente as mulheres ficam mais sensíveis, é uma das primeiras coisas que me preocupo. Eu tenho aluna que não treina no período de menstruação por causa do estado sentimental que ela fica. Também é importante saber que normalmente a maioria dos homens é mais competitiva do que as mulheres, que geralmente pensam mais na participação, no bem-estar e depois na velocidade. Em grande parte, minhas alunas querem correr para melhorar a saúde, elas buscam menos performance e não estão tão preocupadas em fazer muita força física”, conta Camila.

“Os fatores hormonais influenciam bastante nos treinos femininos, tanto no psicológico, como na parte física, devido ao inchaço, à retenção de líquidos e ao estresse que esse período pode causar. O ideal é saber adaptar os treinamentos a essas situações”, completa Kim Cordeiro.