Na luta contra o doping

Atualizado em 05 de junho de 2007
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Por Juliana Saporito

O ex-ciclista Jesús Manzano comentou sobre a luta contra o doping na Espanha e criticou o fato de muitos dos indiciados continuarem exercendo suas atividades normalmente. Ele disse haver muita pressão e interesses em jogo, o que dificulta o progresso das investigações mesmo com uma “montanha de provas” já apresentada.

“Estou disposto a continuar o combate se for para mudar alguma coisa. Na Itália, na França e na Alemanha as coisas mudam. Aqui, na Espanha, prefiro jogar a toalha: nada se modificou. Já não acredito na justiça do meu país”, declarou.

Manzano vai a Roma na próxima quarta-feira recorrer à justiça local, depois que um juiz espanhol decidiu arquivar a “Operação Porto” por considerar que não há elementos suficientes para que se abra um processo por danos à saúde pública.

Em discurso forte e direcionado, Manzano mencionou diretamente seu ex-diretor, Vicente Belda, e Miguel Echavarri, responsável pela equipe francesa Caisse d’Epargne, além do principal nome da equipe, o ciclista espanhol Alejandro Valverde. “Valverde ainda estava na Kelme e querem nos fazer acreditar que era o único que corria somente à base de alface. Ele está metido até o pescoço no caso Fontes”, afirmou.

Jesús Manzano foi o primeiro ciclista a assumir publicamente, em 2004, ter feito uso do EPO. O campeão da Volta da França de 2006, Floyd Landis, foi flagrado no exame antidoping no mesmo ano, com altos índices de testosterona no organismo. Outros importantes nomes do esporte também confessaram ter feito uso do EPO, como Erik Zabel e Rolf Adag, atual diretor esportivo da T-Mobile.

Entenda o caso
No final de maio de 2006, os médicos Eufemiano Fuentes e José Luis Merino foram presos na Espanha, depois de uma grande operação contra o doping no ciclismo chamada de “Operação Porto”. Fuentes é suspeito de organizar um esquema de dopagem sangüínea, em grande escala, durante toda a década de 1990, principalmente. De acordo com relatórios da investigação, foram encontradas mais de 200 bolsas de sangue congelado e de plasma sangüíneo, além de documentos relacionados com práticas de dopagem realizadas em ciclistas. Fuentes foi médico da equipe Kelme e da extinta ONCE, e especula-se que também foi médico pessoal de atletas como o italiano Ivan Basso e o alemão Jan Ullrich.