Mudança na São Silvestre

Atualizado em 06 de setembro de 2011
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Por Fernanda Silva

Realizada anualmente no dia 31 de dezembro, nas imediações da Avenida Paulista, na cidade de São Paulo, uma das mais tradicionais provas de corrida de rua do país, a São Silvestre, chega à sua 87ª edição em 2011. Com prestígio mundial e crescimento ao longo dos anos, o evento ganha cada vez mais adeptos e, por este motivo, as mudanças que acontecem na prova geram grande polêmica.

Para a edição deste ano, a controvérsia ficou por conta da decisão da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) de São Paulo, que anunciou no dia 1º de setembro que, devido à festa Réveillon da Avenida Paulista, a chegada da prova será no Parque do Ibirapuera.

O final da corrida tradicionalmente ocorria em frente ao prédio da Fundação Cásper Líbero, mas, segundo a CET, a chegada na Praça Túlio Fontoura “evitará conflito dos participantes da corrida com o público que vai prestigiar o Réveillon da Avenida Paulista”. Entretanto, a distância continua a mesma (15 km) e a largada também, em frente ao MASP (Museu de Arte de São Paulo).

Essa mudança vem causando muitas discussões entre os corredores e os admiradores do evento, já que a São Silvestre se tornou mais que uma disputa. “Acho que deveríamos tombar a prova como patrimônio histórico, pois a São Silvestre foi a grande responsável pelo crescimento da corrida de rua no Brasil. Só que, com tantas adaptações e alterações em seu formato, temo que torne-se apenas mais uma prova e que sua essência seja esquecida”, fala o treinador da Assessoria Esportiva Run&Fun, Renato Dutra, que já participou de quatro edições. “Mesmo com a oferta abundante de corridas de rua no Brasil, para mim, a São Silvestre não perde seu status”, complementa o treinador, que prefere o trajeto anterior.

Já para Enzo Amato, diretor técnico da assessoria esportiva que leva seu nome, a São Silvestre não perderá seu charme. “Tive o prazer de participar cinco vezes da prova, sendo a primeira em 1998, quando o limite de atletas era a metade dos 21 mil atuais. Confesso que correr aproximadamente os últimos 500m na Avenida Paulista tem um charme todo especial, principalmente para os paulistanos. Mas, apesar da mudança, que facilitará a dispersão, o trajeto continua desafiador, bonito e certamente contará com muita gente para torcer e prestigiar os atletas durante todo o percurso”, diz Amato. “Uma coisa é certa, qualquer que seja o percurso, a São Silvestre continuará sendo a prova mais festiva e disputada do país”, finaliza.

Alterações históricas
Diversas evoluções e mudanças marcaram a corrida, como a São Silvestrinha, prova para crianças criada em 1993, além das alterações nos horários da prova. Até 1988, a disputa era realizada com largada por volta das 23h30, mas, com o objetivo de cumprir determinações da Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF, sigla em inglês), o horário de início da corrida foi alterado, passando para às 15h para mulheres, e às 17h para homens. A distância, que variava quase que anualmente entre 6,5 e 12 km, foi definitivamente fixada em 15 km no ano de 1991, por exigência da IAAF, que incluiu oficialmente, no mesmo ano, a São Silvestre em seu calendário.

História da prova
Com nome em homenagem ao papa da Igreja Católica que morreu nesta data e foi canonizado anos depois no mesmo dia, a disputa atrai corredores de diversas regiões do Brasil e do mundo, aumentado a cada ano o número de participantes. Idealizada pelo jornalista Cásper Líbero – com o objetivo inicial de promover seu próprio jornal – em 1925, ano da primeira edição, a prova teve diversas alterações ao longo de sua existência. Nunca houve, porém, uma única edição cancelada, nem mesmo durante a Segunda Guerra Mundial.

Grandes nomes do esporte, como Sebastião Alves Monteiro, José João da Silva, Ronaldo da Costa, Marílson dos Santos e Franck Caldeira, fizeram história na São Silvestre, que até o ano de 1947 não permitia a participação de estrangeiros. A partir desse ano, atletas como Rolando Vera, Arturo Barrios, Frank Shoter, James Kipsang e Robert Cheruiyot, participaram do evento. Em 1953, quando a competição ganhou fama internacional, um dos maiores nomes da história do atletismo, Emil Zatopek (conhecido como “A Locomotiva Humana”), venceu a prova e colaborou com o crescimento do evento.

Outro destaque fica para Paul Tergat, que venceu por cinco vezes a São Silvestre (1995, 96, 98, 99 e 2000), tornando-se o recordista da prova em número de vitórias. O queniano também possuir o melhor tempo no percurso de 15 km pelas ruas da capital paulista, 43min12s. Em 1975, o evento passou a ter a categoria feminina, que começou já com livre participação internacional. A corredora portuguesa Rosa Mota, campeã de 1981 à 1986, foi uma das grandes atletas que venceu a São Silvestre. Já a primeira vitória brasileira ocorreu somente na 20ª edição da prova para mulheres, em 1995, quando Carmem Oliveira conquistou a vitória.

Opinião dos leitores
O O2 Por Minuto perguntou na rede social “Facebook” a opinião dos leitores sobre a mais recente mudança na São Silvestre. Um total de 82 pessoas votou na enquete, dos quais 85% disseram não gostar da alteração. E você, o que achou da chegada no Parque do Ibirapuera?