30 mil fiéis corredores

Atualizado em 21 de setembro de 2008
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Por Marcelo Marcondes
Foto Alexandre Cappi

O dia amanheceu cinzento, frio e garoando na região do Parque Ibirapuera. A festa do maior evento de corrida brasileiro – e, possivelmente, sul-americano – parecia ameaçada. Porém, eles, os corredores, aos poucos iam chegando à Avenida Pedro Álvares Cabral com suas camisetas azuis e um certo orgulho de si mesmos, por saber que conseguiram vencer a vontade de ficar em casa. Aproximadamente 30 mil atletas lotaram o Ibirapuera para participar do 16º Revezamento Pão de Açúcar.

Um deles foi o administrador de empresas Luis Fernando Rocha Rodrigues, 30, que, com sete outros amigos, correu pela terceira vez a prova, cada um a distância média de 5,3 km. O curioso sobre sua equipe é que, às 6h20 da manhã, eles estavam armando uma barraca de lona em pleno Parque Ibirapuera, na marquise do Museu Afro Brasil. “Sempre fazemos isto. Trazemos a barraca para podermos nos trocar, descansar e, hoje, por conta da chuva e do frio, para se aquecer também”, afirmou Luis Fernando, que estava esperando fazer a distância em 42 minutos.

Capitalismo veloz
Uma marca do Revezamento Pão de Açúcar é o grande número de equipes de corrida corporativas que marcam presença no evento. Nesta edição, não foi diferente. Pouco antes da prova, via-se camisas de outras cores – vermelhas, laranjas, verdes, brancas – destoando da camiseta azul-clara da prova, fazendo um mar de cores em frente ao Obelisco, local de largada da prova. De vermelho, a equipe da Cultura Inglesa era grande. O engenheiro Fabiano Corassa, 29, já se alongava efusivamente quando falou com a O2 Por Minuto. “É a primeira vez que faço, e estou muito entusiasmado, porque já corro há dois anos, mas, hoje, faço parte de uma equipe”, contou ele, que ia correr num octeto, dois trechos de 5,3 km. “Estamos em cem pessoas aqui representando a Cultura Inglesa”, emendou. Neste momento a garoa apertava e ameaçava tornar-se chuva. Corassa olhou para cima e falou: “É, o clima frio certamente vai ajudar, porém a chuva talvez atrapalhe”.

De laranja e azul, os amigos Marius Moreno Filho, 40, e Diogo Dutra, 29, representavam a grande equipe do Banco Itaú. “Estamos em aproximadamente mil pessoas aqui”, chutou alto o primeiro. “É a décima vez que participo, e vou correr a distância dos 5,3 km. “Devo fazer, se for levar em média os anos anteriores, em 30 minutos”, acrescentou Moreno Filho, que corre há 12 anos. “A chuva vai ser horrível”, afirmou, pessimista, o analista de sistemas, que, no entanto, botava fé na bebida energética que consumia. Uma marca nova, à base de Açaí, e poderia se tornar uma peça chave em seu desempenho. “Estou botando fé (na bebida); mas eu não costumo tomar não, só quando estou mal preparado”, concluiu. Da mesma equipe, Dutra, que treina há quatro anos, estava lá para participar de sua segunda edição da prova. “Pretendo fazer em 33 minutos os 5,3 km”, limitou-se a dizer. De vermelho também, o colombiano Sérgio Gómez, 23, auditor da PriceWaterhouse Coopers, correu a prova em um quarteto. Percorreu, em média, 10,5 km. “Fiz em 1h01min e foi a segunda vez que participo do evento”, dizia, num portunhol quase imperceptível. “É muito legal essa corrida, pena que as grades de marcação do trajeto estavam posicionadas muito próximas umas das outras para um evento deste porte; teve espreme-espreme na largada e outros problemas decorrentes disso ao longo da corrida”, disse Gómez.

Briga de maratonistas
Porém, nem só de corredores empresariais foi feita a prova. A estudante Cláudia Barros Queliconi, 20, correu pela segunda vez o evento e não desgrudou dos fones do iPod. “Me ajuda muito correr com música; adoro música eletrônica, me embala”, dizia. “Rock, pop, também escuto”. Para a prova, sua powersong foi o hit ‘Umbrella’, da cantora norte-americana Rihanna.

A atleta profissional que representou o Brasil nas Olimpíadas de Pequim, Juliana Gomes dos Santos, 25, também esteve presente. Patrocinada pelo grupo Pão de Açúcar – assim como seu marido, o maratonista olímpico Marílson Gomes dos Santos , ela participa do evento desde 2004. Ia correr em um octeto feminino e também estava lá para prestigiar o marido. Ele, por sua vez, correu em duas equipes de oito: uma formada só por atletas, a Equipe Pão de Açúcar BM&F Bovespa, e, outra, formada por importantes membros do Grupo, como o presidente Abílio Diniz e seu filho, João Paulo.

A primeira, inclusive, liderou a prova por 1h30 aproximadamente. Porém, na etapa final, foi ultrapassada pela equipe do Esporte Clube Cruzeiro, do maratonista Franck Caldeira, campeã desde 2005.

:: 16º REVEZAMENTO PÃO DE AÇÚCAR – SÃO PAULO
Data:
21 de setembro de 2008
Horário: 7h
Clima: Nublado
Distâncias: 5,3 km, 10, 5 km e 21,1 km
Temperatura: 15° C (média)
Umidade: 90% (média)
Inscritas: 30.000
Postos de hidratação: 4 (a cada 5,3 km; na chegada havia bebida esportiva)
Premiação: 50 mil reais em vales-compra para as três primeiras equipes de cada categoria
Equipes vencedoras:
1ª – E. C. Cruzeiro – 2h07min40s
2ª – Pão de Açúcar BM&F Bovespa – 2h09min30s
3ª – Pé de Vento – 2h11min05s