Miguel Sarkis: corrida cansada e corrida descansada

Atualizado em 10 de março de 2011
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Cansaço físico – Cansaço emocional – Cansaço físico e Emocional

Corrida Cansada: A ciência desvenda, cada vez mais, segredos que permaneceram no tempo e na história. Sob alguns interesses, o que teria que ser dito, ficou calado, mudo, e o que interessou foi escrito e transcrito, sempre com um toque de quem reescrevia.

No assunto de hoje falarei sobre um detalhe da corrida de longas distâncias, que deve satisfazer a gregos e troianos, não importando o ritmo, se lento, médio ou rápido. Uma questão que sempre podemos pensar: por que não corremos 100% de nossa condição física o tempo inteiro?

Na cidade grande, o inédito pode acontecer

Defesa gerada diante de evidente desgaste físico e emocional pode explicar a reação indireta do organismo que se protege. A sensação de cansaço (pernas pesadas, desânimo para correr) já nos primeiros quilômetros e, às vezes, metros denunciam um corpo estressado por situações incomuns ao seu cotidiano.

Como isto acontece? Não acostumado, por exemplo, a situações como problemas financeiros inéditos e ou administrativos em sua empresa, pessoas tendem a levar para casa um problema que, invariavelmente, não sabem como desligar-se deles. O resultado é que, após uma noite de sono, aparentemente o corredor pode se sentir descansado, mas, no íntimo, a efetiva recuperação não veio. Para surpresa do corredor, a resposta vem em forma de queda de rendimento.

Pessoas que vivem longe das cidades grandes

Há uma forma de defesa nos organismos vivos que deve ser compreendida e respeitada, simplesmente, por que é natural e por que fomos esquecendo-se de praticar em nossa trajetória de vida. Qualquer pessoa que viva em locais rurais ou em regiões mais afastadas das cidades grandes, sabe que quando o sol se põe, também devem se por, ou seja, dormir. Não possuindo esta sensibilidade, extrapolam-se os limites físicos e emocionais, sentindo na pele, diante de treinos e provas. Estes homens são donos de um autocontrole que sinaliza a hora de descansar, de trabalhar e de se divertir.

Diante de situações naturais e necessárias, a maior evidência do que afirmo é que as pessoas tendem a descansar mais após esforços físicos, certamente precisarão de muito mais descanso. Este descanso a mais do que o normal é como um código, que quando não utilizado, emite um sinal de alerta e a máquina (corpo humano) deve parar ou diminuir seu rendimento.

Como isto se dá? O corredor está muito bem treinado e nas últimas quatro semanas vem administrando um estresse profissional (uma novidade) que, na maioria das vezes, deverá consumir o bom humor, o prazer por correr. E por que não a sua estabilidade emocional? Fica nervosinho e não consegue terminar bem uma tão desejada prova.

O estresse pode estar ligado ao desgaste gerado por noites mal dormidas, e também após a atividade física muito longa e ou muito rápida e mal dimensionada. No primeiro caso, consome parcela importante de energia. Dormir é de suma importância para o restabelecimento físico e emocional. Normalmente, e segundo a ciência do esporte, este ato deve favorecer o segundo estágio do treino que é a super compensação; no segundo caso, o treino mal dimensionado (planejado), deve desalinhar o harmonioso equilíbrio metabólico.

Quem não experimentou um grande desgaste após um treino de longa duração? Quem não sentiu as pernas doloridas muitos dias depois de ter enfrentado um treinamento intervalado e de ritmos mais longos? À primeira vista, todos os corredores deveriam realizar um treino de longa duração, seja ele em ritmo médio ou progressivo. Então, por que sentir os efeitos maléficos deste tipo de esforço?

Em outros artigos, me referi a super treinamento e super dosagem de esforço, então, preciso alertá-los para que procurem conhecer o quanto é esforçado o longo e quanto tempo depois você estará recuperado para um esforço semelhante, tal qual uma maratona, Cross, Triathlon e demais provas rústicas de longa duração. Planejando melhor, os efeitos das novidades do seu dia a dia em seu organismo deverão ser menores e causarão menos efeitos maléficos, como as lesões.

Corrida Descansada

Corredores mais experientes, com horários livres para descansar e se cuidar, além de poderem treinar sem a preocupação do próximo compromisso, terão seus organismos frequentemente dispostos ao esforço físico. Esta rotina produzirá efeitos que tornarão a corrida e o corredor, mais íntimos e com poucos prejuízos físicos e emocionais.

Pode-se notar que corredores com muitos anos de experiência e com uma maturidade estabelecida sentem menos os efeitos nocivos das novidades emocionais.

Durante uma corrida descansada, portanto, a reação do organismo é diferente e contrapõe o capítulo anterior. Nesta situação, o corredor goza de elevada capacidade de restabelecimento físico, a reação diante de treinos e provas será indubitavelmente positiva aos ritmos pré-estabelecidos para treinos e provas. Ou seja, o ideal é que haja um planejamento bem elaborado e duradouro, para não ser pego de surpresa.

Se você fizer um super treinamento e não tiver um super dia, do que adiantou gastar tanta energia se o seu emocional não permitiu o descanso e restabelecimento fisiológico?

A corrida descansada depende então de dois fatores muito importantes: a corrida na dosagem certa (individualizada e especifica para a fase de treino), e a saúde diária de vida (qualidade de vida).

Correr é muito mais do que o simples acaso intuitivo. Para os homens inteligentes, correr é uma questão de colocar em prática uma corrida dosada e pensada a cada cidadão, e que a ciência nos reservou, dos longínquos tempos do correr para não morrer e correr para comer.

Corra feliz e intuitivamente cientifico.

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